Uma gota que cai

Final de tarde. Redphone nos ouvidos e uma miscelânea de músicas tocando. Eu nem sei se gosto do que estou ouvindo. Mas estou ouvindo para distrair. Passei o dia no computador. Esqueci até a televisão. E o tempo todo dizia pra mim mesmo que queria escrever para esse blog. Mas a inspiração não vinha. Até que revendo, por milhares de vezes o meu arquivo de fotos, encontrei essa. Então me identifiquei nesse momento com essa imagem. Uma gota que cai.

Às vezes eu me sinto assim mesmo. E agora então, ta pesado. Da rua não vem nenhum barulho nem de carro nem de gente. É um silêncio só. Uma tranqüilidade que às vezes incomoda. Não que eu não goste, mas, tudo demais é muito, né? Então me valho do espaço que tenho nesse blog. O famoso papo do silêncio. Aquela conversa sem que haja a interação de outra voz além da sua e dos seus pensamentos. Um papo solitário.

Eu tenho falado tanto em solidão, né verdade? Sei disso. Tenho consciência disso. Eu poderia escrever sem mencionar tal palavra. Poderia me calar. Poderia, simplesmente, ficar na minha. Mas estou na minha. Estou no meu cantinho. Estou aqui transformando esse quarto em um mundo meu. Um mundo, talvez irreal, mas um mundo no qual vivo.

Besteira. Todo mundo tem o direito de viver como acha que deve. Mas existem aqueles que não encontram forças em si para mudarem suas vidas. E esse pode ser o meu caso. Afinal, vivo sem curtir um momento de laser. Faz tanto tempo que não sei o que é isso. Nem ao cinema fui mais. Fico o tempo todo em casa. Parece que a cada dia venho perdendo o interesse pelas coisas da vida: diversões, novidades, amizades, amores etc. Tenho apenas trabalhado e trabalhado. E o meu trabalho parece bonzinho, mas não é. Agente rala pra caramba madrugada à dentro. Mas sobre isso eu falarei em outro poste qualquer dia desses.

Sei que preciso mudar esse comportamento, mas pra onde vou? Qual o incentivo que tenho? Tenho pensado tantas coisas aqui em meio a esse vazio que se transformou a minha vida. Será que é o peso da idade? 38 anos!!! Tô ficando velho, não? Daqui a pouco não serei nem mais aceito em um trabalho. E quando penso nisso a sensação é horrível. Lembro do futuro do meu filho. Lembro também da minha pessoa. Eu sempre quis ser alguém na vida, mas pelo que vejo hoje, a força de vontade foi menor. Estacionei. Parei no tempo. Até as amizades sumiram. Na verdade, eu que me afastei de todo mundo que eu gosto. Em determinados momentos tenho saudades e muita vontade de procurar essas pessoas. Mas todas estão mudadas. Tenho certeza que ainda seria recebido com carinho. Mas perdi a “intimidade” com esse pessoal todo. A intimidade de fazer perguntas, de contar segredos, de convidar para ir a algum lugar.

Hoje, alguns colegas meus (homens e mulheres), tem automóveis, vivem bem; graças a Deus. Então, quando penso em ir a casa dessas pessoas, imagino que elas hão de imaginar que estou procurando-oas por algum interesse. Como sou bobo, né? Mas é o que penso gente. Fazer o quê? Queria ver as coisas de outro ângulo. Mas não consigo. E isso dói muito em mim. Dói porque, no fundo, as pessoas que gosto não pensam isso. É gente boa que conheci quando tinham vidas iguais a minha: simples.

Eu queria que vocês entendessem que não estou me lastimando. Apenas conversando. Apenas desabafando... Apenas botando pra fora esses pensamentos na intenção de mudar o meu modo de pensar. Não estou aqui com inveja de ninguém. Por favor, não pensem isso. Não tenho olhos grandes. Sou conformado com o que Deus me deu e O agradeço sempre por tudo, pois sei que o pouco com Deus é muito.

Apenas me senti hoje como uma gota que cai.

http//joaodoamor-j.blogspot.com