quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Quem cuidará de mim?

Hoje pela manhã eu visitei um amigo no hospital. Ele fez uma cirurgia de urgência para retirar algumas pedras que estavam em sua vesícula. Foram 19 pontos o estrago em sua barriga. Mas o encontrei sorrindo. Parecia que nada havia acontecido. O corte estava bem costurado e tudo bem higienizado.

Enquanto ele me contava como tudo aconteceu, eu pensava em mim. Imaginava-me em seu lugar passando pela mesma situação. Eu que moro só e não tenho ninguém para cuidar de mim. Como seria a minha recuperação?

Ele tem esposa. Mesmo brigando e separando, ela o ama. Ele a ama. Os dois se entendem. Comentei com ele sobre o meu pensamento. Ele me disse: você tem amigos. Seus amigos cuidariam de você.

Será? Será que os meus amigos se disporiam a passarem noites e mais noites, depois do trabalho, em um hospital para que eu não ficasse só? Eu não sei. Desculpem os meus amigos. Mas tenho dúvidas. Dúvidas porque sei que muita gente tem medo de ver a dor do outro. E por isso prefere ajudar de longe ou simplesmente, ficar na sua. Apenas tomar conhecimento das notícias.

Eu conheço muita gente bacana e por essas pessoas eu me sacrificaria a enfrentar o que fosse preciso para contribuir com a minha ajuda. Mas tenho consciência que nem todo mundo faria tal coisa por mim. Ou até mesmo por pessoas mais próximas.

Pensei em mim quando vi o meu amigo na cama daquele hospital porque sei que sou humano e a qualquer momento poderei adoecer também. Isso não significa que desejei uma doença para mim. Só me questionei.

Lembro-me que no carnaval passado, quando ainda morava em outro conjunto habitacional, senti muitas dores em um dos lados da barriga. Eram muito intensas. A minha sobrinha morava comigo na época. Mas ela viajou antes das minhas dores aparecerem. Na agenda do meu celular tinha alguns números de pessoas que eu achei que eu podia contar. Liguei para algumas e a resposta foi a seguinte:

“- Toma algum medicamento que vai passar. O buscopam é bom nesse caso. Se não o tiver em casa, vai à farmácia...”

Das cinco pessoas que procurei nenhuma delas, se ofereceu para ir até onde eu estava. Resolvi parar de pedir ajuda. Talvez eu não tenha conseguido transmitir, exatamente, o grau das minhas dores naquele momento.

Fiquei sozinho em casa. No dia seguinte fui ao hospital, ainda me acabando de dores. Através de exames descobri que eu estava com pedra nos rins. E sozinho comigo eu perguntava a Deus a quem deveria pedir ajuda. E tinha a impressão de ouvi-lo me dizer: - Calma. Isso vai passar. Passou sim, depois de cinco dias, quando eu já não agüentava mais. Na época eu trabalhava em uma farmácia. E o único medicamento que o médico passou foi buscopan composto gotas para as dores e muita água. Nada mais. Então quando a dor subia muito eu me torcia todinho, mas o médico disse que ainda não era caso para cirurgia.

Só com busca e água eu me livrei das dores e até hoje não as senti mais.

Hoje quando vi o meu amigo no hospital, passou um filme em minha cabeça daqueles dias de carnaval no ano passado. Se eu tivesse feito cirurgia quem teria cuidado de mim naquela época. E hoje, de todos que conheço quem seria capaz de dedicar um pouco do seu tempo a mim?

Quando o assunto é alegria todo mundo ta presente. Mas, quando se trata de dinheiro, saúde ou qualquer problema na vida, nem todos se dispõem a participarem. Estou errado em pensar assim? Por acaso, essa não é a realidade? Isso nunca aconteceu com você?

Ah, deixa de onda. Não me chame de mentiroso.

A você, Geilson, que é um dos leitores assíduo desse blog, te digo o seguinte: conta sempre comigo. Não sou Deus nem tampouco a solução dos problemas de alguém, mas me considero um amigo. Se precisar me liga. E o que eu puder fazer, farei.

Que Deus te dê logo a tua saúde para que você volte logo a trabalhar na santa paz do Senhor.

Um abraço.


João do Amor.

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