quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Professores do RN adoecem por estresse.


O Dia do Professor, comemorado hoje em todo o país, leva a categoria a fazer algumas reflexões sobre o piso nacional, salários baixos, condições de trabalho deficientes e a violência que está dentro das escolas. Mas pouco se fala sobre a saúde de quem dedica o tempo a cuidar e a educar crianças e adolescentes, tendo que suportar uma carga de problemas que elevam o estresse a níveis insuportáveis, contribuindo para muitos profissionais deixarem as salas de aula prematuramente.

O ex-professor Antônio Marinho de Miranda, 46, é o exemplo do que a rotina da sala de aula pode provocar. Ele lecionou história durante 16 anos e teve que deixar de ensinar por recomendação médica, devido a desgastes emocionais, provocados por indisciplina de alunos, gerando estresse, arritmia e tarquicardia. "Eu estava sempre estressado e angustiado. Já não tinha mais prazer no que fazia e não tinha condições de dar aula", disse Marinho, explicando que por isso teve queabandonar a profissão para cuidar da saúde e se submeter a concursos em outras áreas.

Burnout 

Para a assessora pedagógica da Secretaria Municipal de Educação de Natal, Leuzene Salgues, os problemas sofridos pelo professor são próprios de quem sofre da "Síndrome de Burnout", definida como uma reação à tensão emocional crônica gerada pelo contato direto e excessivo com o trabalho. É caracterizada por sintomas físicos, comportamentais, afetivos e cognitivos, identificados pela ausência de motivação, estresse e insatisfação ocupacional que prejudicam o profissional que lida com o cuidar dos outros como professores, enfermeiros e assistentes sociais. A remuneração, carga horária, condições de infraestrutura e ambiente de trabalho e dificuldade relacional são fatores geradores da Síndrome de Burnout no professor.

De acordo com Leuzene, que tem trabalho acadêmico sobre o tema, além desses problemas, que afeta professores de todas faixas escolares, a síndrome também aparece muito entre os professores de criançasmenores devido o nível de afetividade que mantêm com o aluno. "Nessa faixa de ensino, o ciclo de investimento afetivo se rompe a cada fim de nível escolar, provocando a transferência do aluno para outra etapa do ensino e, consequentemente, um vazio afetivo que não é preenchido momentaneamente com a chegada de outros alunos", explicou.

Afetividade

A situação deveria ser resolvida no próprio ambiente relacional com os colegas na escola, com a família e com a sociedade. Mas, segundo Leuzene, esses relacionamentos não dão suporte para nutrir a afetividade do educador. Por isso, começam a utilizar de mecanismos de defesa inconsciente que é a despersonalização da relação com a criança. "É igual ao médico que vê o paciente como apenas um número no prontuário. O professor começa a ver a criança com indiferença, não investe mais na afetividade, comprometendo o processo de ensino-aprendizagem. Ele fica irritado, falta paciência, constantemente é afetado pelo mau humor, culminando com pedidos de licença médica ou afastamento da profissão. "Por isso é fundamental que a categoria tenha um programa de acompanhamento à saúde e se dedicar a atividades de lazer que sirvam de terapias para aliviar o estresse da rotina da sala de aula", defendeu a assessora da SME. Apesar de a Secretaria Municipal de Educação não possuir um programa específico de prevenção aos problemas de saúde do professor, o Cemure (Centro Municipal de Referência em Educação) desenvolve atividades que servem para aliviar o estresse como aulas de Yoga, dança de salão e consultas com uma fonoaudióloga para diagnosticar problemas na voz que tem também retirado muitos professores da sala de aula devido a calos nas cordas vocais.


Fonte: DNonline

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