sexta-feira, 14 de maio de 2010

NÃO DÊ ESMOLA ?




Em tempos de LANCHE DA MADRUGADA; flanelinhas, crianças e pedintes em nossa cidade, sempre surge aquela discussão: DEVEMOS OU NÃO DAR ESMOLAS, principalmente, dinheiro? Uns dirão que não; mas outros os fazem como gesto de caridade sem se preocupar com a sua destinação.

O artigo "A questão da esmola", do Teológo Antônio Mesquita Galvão, traz alguma luz. Leia sem moderação !


A QUESTÃO DA ESMOLA


Os meios de comunicação, os segmentos neoliberais, ONGs e algumas entidades sociais vêm desencadeando uma campanha contra o ato de dar esmolar, principalmente a crianças, nos cruzamentos das grandes cidades A filosofia originária dessa premissa vem ponderavelmente arrazoada, pois quando você dá alguma coisa, impede, de certa forma, ou desestimula o favorecida de lutar por aquela coisa. Há quem diga que dar esmolas incentiva a vagabundagem, impede de as crianças conhecerem o valor e o sacrifício do trabalho, além de afastar os menores da escola, pois a coleta da esmola é sua profissão, exercida de sol-a-sol.


Todas essas afirmações têm sua ponderável dose de lógica, de verdade e de realidade. As campanhas de hoje situam-se no terreno de não se dar esmolas, mas contribuir para entidades e associações filantrópicas. No entanto, há alguns fatores, acima da vã filosofia das palavras, como diria Shakespeare, que merecem um estudo mais detalhado. Primeiro, dar esmola é um gesto bíblico. É uma crueldade você negar, uma mísera moeda que seja a alguém que lhe pede. Primeiro porque pedir esmolas já é uma humilhação, que é agrava com a negativa e -não-raro- com a "lição de moral", do tipo "mande seu pai trabalhar". Às vezes a criança nem tem pai... Já viram os olhos de uma criança quem se nega uma esmola?


Observem... Há quem diga que os neoliberais não querem que se dê esmola para ver se os pobres morrem mais ligeiro.
Depois vem a questão das entidades. Todas são honestas, transparentes, imunes à corrupção? Será que o donativo anônimo que dou será devidamente canalizado para aquele destinatário que eu gostaria que fosse? Ou vai para certas campanhas que fazem proselitismo de esposas de políticas, primeiras-damas, ou obras destinadas a promover a fundação tal? E quem me assegura que toda a verba arrecada vai para lá? Quem?
Uma vez, numa cidade em que morei, fui tesoureiro de uma "festa beneficente" em favor de um segmento carente. Resumo: 80% do substancial valor arrecadado foram gastos com o coquetel, a banda, decorações e publicidade. Só 20% foram para os destinatários reais. Denunciei, como é meu feitio, mas fiquei mal visto. Por isso, nunca vou deixar de dar esmolas. Pelo menos vejo cara-a-cara o favorecido. Se ele desvirtuar minha caridade é outra coisa. Ele vai ter que se entender com Aquele em cujo nome eu pratiquei a caridade.

* Antônio Mesquita Galvão - Doutor em Teologia Moral

Um comentário:

Maria Pereira / RCC disse...

Eu não concordo em dar os flanelinhas.
uns vão p/ o mau caminho e até as drogas...