segunda-feira, 8 de outubro de 2007

"Comunidade se curva a padre Thiesen"

Ele foi uma das pessoas que mais contribuiu para o crescimento da Zona Norte de Natal. De origem belga, Padre Tiago Thiesen chegou ao Brasil em 1969, engajado no programa ‘Padres para América Latina’ e desde então vem acompanhando, e trabalhando, para o crescimento dessa região.“Quando cheguei aqui, Natal não tinha 200 mil pessoas. A Zona Norte era só mato. A única forma de se comunicar com os moradores do outro lado era atravessando o rio de barco”, disse o padre.Segundo ele, todo o desenvolvimento da região começou na década de 1970, governo de Walfredo Gurgel, com a construção da Ponte de Igapó. “Com 600 metros, a ponte que ligava um lado a outro de Natal, deu acesso rápido para aqueles começavam a se interessar pelo local”. A partir de então houve a construção de três fabricas que dava emprego para cerca de cinco mil pessoas. Logo depois, a chegada da Companhia de Habitação do Rio Grande do Norte (COHAB-RN) que começou a construção dos conjuntos habitacionais na Zona Norte.Ao longo de todos esses anos, o padre desenvolveu um grande trabalho social e religioso, fundando creches, jardins de infância, ambulatórios e igrejas. Além do trabalho físico, ele ainda arrumava tempo para estruturar e conscientizar a população. Ele já edificou cerca de 36 Igrejas e ampliou outras cinco. Em cada loteamento ou conjunto da região há um pouco do trabalho dele, que acabou se tornando alvo de carinho, admiração e respeito.“Cada vez que surgia um novo conjunto eu ia lá e construía uma Igrejinha. O Conjunto Potengi foi o primeiro e serviu como uma espécie de teste para a edificação dos outros conjuntos. Logo em seguida veio o Soledade I e assim por diante”, explicou Padre Tiago.Para o padre, que acompanha, até hoje, o crescimento da região, a Zona Norte ainda tem um grande potencial a ser explorado. “Nós estamos vendo a chegada de muitos empreendimentos, grandes redes de supermercados, escolas e até um shopping center, que até então não queriam se instalar do outro lado do rio e que depois da construção da Ponte Forte-Redinha mudaram de idéia. A população precisa ficar atenta porque até hoje existem muitos ‘politiqueiros’ que só lembram da Zona Norte na época da eleição e depois desaparece”.Apesar de toda essa evolução, existem áreas que realmente necessitam de grandes investimentos básicos de infra-estrutura. E a população pode usar seu poder de voto a favor dos interesses da região, mas acaba se iludindo com falsas promessas. “Existem alguns lugares na Zona Norte que a situação dos moradores é lamentável. Se escolhessem gente de bem, com seu poder de voto (cerca de 220 mil votos), a região poderia encher metade da Câmara dos Vereadores com gente de bem, que realmente quer ajudar”, disse o padre.Mas ele tem consciência da dificuldade que é administrar a região da cidade que mais cresce. “Em menos de 40 anos, a Zona Norte quadruplicou. É um desafio quase insolúvel para qualquer gestor tomar conta da região, mas a verdade é que não dá mais para tratar a Zona Norte como uma região a parte, separada de Natal”, finalizou Padre Tiago.
Fonte: Tribuna do norte. 07/10/2007