Num reino encantado tudo era uma maravilha, organização, alegria, felicidade e utopia. Os súditos deste reino nunca perderam a esperança, a despeito dos obstáculos, limitações e diferenças.
Um reino construído de amor, paciência, idéias, debates, diálogo e trabalho, muito trabalho! Um reino onde a liberdade sempre foi a tônica, onde pessoas se respeitavam; sabiam trafegar no campo das idéias, sem nunca se apequenar a ponto de ultrapassar o limite do bom senso, do apreço pela amizade e talento do outro. Eles se admiravam e se perdoavam! Eles "brigavam" e se acertavam! Eles se amavam! Eles "brigavam"! Eles se desculpavam! Eles, como amigos, falavam o que acreditavam ser verdade, sem que isso fosse uma ofensa.
Um reino admirado, "invejado", imitado pelos seus pares. Uma terra onde jorrava leite e mel de fraternidade, solidariedade, amizade, caridade e frutos cem por um...
Nunca foi fácil a vida naquele reino, pois a messe sempre foi grande e poucos os súditos compromissados. Muitos outros súditos passaram, deram a sua contribuição e se alimentaram de espiritualidade, valores, carisma e amor que só um certo Galileu presente por lá poderia dar.
Apesar das intempéries, crises, choques de gestão, inflação e instabilidade, o reino sempre se sustentou, pois sua pedra fundamental é/era sólida e nada abala(va) a sua construção...
À sombra de pensadores, democratas, guias espirituais, pais e mães, o reino caminhava e crescia com saúde e vontade de vencer.
Mais num certo dia, a semelhança do que ocorre num mundo longínquo, em uma galáxia conhecida, os súditos daquele reino se descuidaram e, como desconhecidos, não viam mais no irmão um amigo. Sentimentos de poder, vaidade, incompreensão e desamor assolaram aquela terra e, como Sodoma e Gomorra, somente o fim é a solução.
Tempos sombrios estes! Ventos fortes abalam as estruturas do reino que antes pareciam ser firmes! Não se tem mais tempo para o que antes uniam aquele povo. Aquele povo não discute mais questões alvissareiras, só restam acusações, sovinices, coisas chinfrins. A divisão é o destaque; Ser o melhor, mais belo, mais santo é a disputa.
Quem poderá salvar aquele reino? Esperam um Deus que pessoalmente se encontrará com eles como fizera com Saulo? Ficará este povo a olhar para os céus como os apóstolos, depois da assunção do Cristo? Surgirá entre eles um redentor tal como os Judeus até hoje esperam?
Oxalá aquele povo consiga se agregar como nos bons tempos! As soluções dos problemas passam pela coragem de enfrentá-los. Enfrentamento patrocinado por todos e não por um salvador da pátria. Que a brisa suave tome conte daquele reino, trazendo, amor, paz e traquilidade. Que o povo reze a Deus que é amor, mas que também tenha fé e lance as redes ao mar para serem felizes.
Que seja um reino unido, enquanto se trabalha e espera o Reino eterno!
Luiz Teixeira