Neste ano de eleição, por sinal, esta semana todos os partidos têm que escolher os seus candidatos em suas convenções, é preciso abrir os olhos para o que acontece em nossa volta, principalmente quando se refere aos nossos políticos. Um Cristão não pode ser um alienado a imaginar que não precisa se envolver com a política para mudar este mundo. A política é a arte da promoção do bem comum, dever de todo seguidor de Jesus Cristo.
Publicamos editorial do O Estadão muito reflexivo sobre nossa realidade. Apreciem !
"Um estudioso que se dedicasse a pesquisar, pelas democracias do mundo, as características próprias dos Parlamentos, com certeza detectaria três originalidades do Legislativo brasileiro. Verificaria, logo de saída, que, ao contrário do que acontece nas Casas legislativas de outros países, onde os parlamentares, sempre sentados em seus lugares, ouvem os colegas que falam da tribuna, sem conversas paralelas, no Parlamento brasileiro ninguém fica sentado. Os parlamentares se aglomeram no centro do plenário, formam rodinhas de conversas, falam em seus celulares e, a não ser em sessões excepcionais (como as de cassação de mandato), demonstram nem estar ouvindo o orador do momento. Até os presidentes das Casas, aos quais são dirigidos os pronunciamentos, muitas vezes se mostram inteiramente voltados para conversas com seus auxiliares, ou sabe-se lá com quem, em seus celulares.
A segunda característica do exclusivo Parlamento caboclo - o que pode ser testemunhado por quem tenha a paciência de assistir, de vez em quando, às sessões legislativas pelos canais de televisão das Casas - são as freqüentes, insistentes, irrelevantes, insignificantes homenagens. A única atividade em que o Senado da República tem sido pródigo é na realização de sessões comemorativas, ou homenageantes, com uma média de três por semana.
... E aqui chegamos à terceira característica exclusiva do Parlamento nacional: trata-se, indiscutivelmente, de um recordista mundial de recessos. Depois de quase dois meses dedicados a votar medidas provisórias e a indicação - sempre algo de iniciativa do governo - de embaixadores e autoridades, o Senado vai parar. O presidente Garibaldi Alves anunciou que os líderes decidiram adotar o recesso branco na semana que vem. Assim, não haverá votações nem desconto no salário dos ausentes.
A razão desse recesso branco? Festas juninas e eleições... As votações no Senado só serão retomadas no dia 1º de julho - e no dia 18 já começa o recesso de meio de ano, que vai até o dia 4 de agosto. Enquanto isso, há uma pauta à espera de votação com 83 propostas, mas que nem deve ser examinada este ano porque o Planalto se incumbe de impor seu filtro seletivo, fazendo entrar para deliberação apenas projetos de seu interesse - como, por exemplo, é o caso da defunta CPMF ressuscitada sob a alcunha CSS.
E a questão da emenda que reduz a maioridade penal, tão importante para equiparar a legislação criminal brasileira às das democracias civilizadas do mundo e reduzir o brutal desrespeito à vida humana vigente neste país? E o projeto de facilitar o exame dos vetos presidenciais, capaz de restabelecer a autonomia da atividade legislativa, que se tornou ancilar do poderoso Executivo? E as denúncias de Denise Abreu sobre a "facilitação" da venda da Varig? Ora, são questões que interessam muito mais à sociedade do que aos governos. Então, recesso nelas!"