sábado, 1 de novembro de 2008

PALAVRA DO ARCEBISPO

Dom Matias Patrício de Macêdo
Arcebispo Metropolitano de Natal

E-mail: dommatias@natal.digi.com.br
Tel: (84) 3615-2800
Caríssimos irmãos e irmãs,





Celebramos, neste domingo, o dia dos fiéis falecidos. Queremos recordar os familiares, amigos, entes queridos e reafirmar que não os esquecemos ou deixamos de amá-los, simplesmente pelo fato de terem partido para junto de Deus. Pelo contrário, eles continuam fazendo parte de nossa vida e a receber nosso carinho e respeito.

Para algumas pessoas é uma data triste, que, inclusive, deveria sair do calendário. No entanto, para nós que somos cristãos, é um dia propício para renovarmos a nossa fé e nossa esperança na ressurreição que Jesus nos prometeu. Além disso, é um dia de reflexão diante da caminhada da nossa própria vida. Não podemos esquecer de que, um dia, estaremos também partindo desta terra. Devemos lembrar que esse dia chega como um ladrão na noite, por isto devemos estar preparados, vigilantes na oração e na prática dos mandamentos do Senhor.

Os sentimentos que devem acompanhar este dia são de confiança e entrega. Deus é misericórdia e nos perdoa de nossas faltas. Jesus, o Salvador, deu a vida por amor, pela salvação de todos nós. É Ele que nos anima e nos conforta; e é pela fé n’Ele que ressuscitou, que proclamamos a nossa própria ressurreição.
Reunimo-nos em nossas Igrejas e cemitérios para celebrar a esperança na vida eterna, voltando a atenção para todos os que já concluíram sua caminhada neste mundo e estão vivenciando a plena comunhão com a Santíssima Trindade. Nossa união com os falecidos jamais será interrompida; antes, é fortalecida pela oração. A Igreja, desde os primeiros tempos, vem cultivando, com grande piedade, a memória dos fiéis defuntos, oferecendo por eles sufrágios com as orações.

Neste dia dos falecidos, procuremos verdadeiramente rever nossos sonhos, nossa vida, nossa fé, e, a partir do encontro com Jesus, Caminho, Verdade e Vida, mudar o rumo da nossa caminhada, se for preciso. Que todos possamos sentir o abraço de Deus que é ternura. Sintamo-nos compreendidos por sua misericórdia, consolados por seu amor e renovados na esperança. Que os fiéis falecidos descansem em paz!
Que Deus os abençoe agora e sempre!

DIA DE FINADOS


Vida para além da vida

Se olharmos à nossa volta, constatamos que a morte é a grande senhora de tudo o que é criado e histórico, pois tudo é submetido à segunda lei da termodinâmica, à entropia. A vida vai gastando seu capital energético até morrer. A vida mesma é um grande mistério, embora seja entendida como a auto-organização da matéria quando colocada longe de seu equilíbrio, quer dizer, em situação de caos. De dentro do caos, irrompe uma ordem superior que se auto-regula e se reproduz: é a vida. Mas isso não explica a vida. Apenas descreve o processo de seu surgimento. Ela continua misteriosa, como os próprios biólogos e cosmólogos continuamente o atestam.

Onde há vida, sempre ocorre interação com a matéria para ganhar energia e se verifica uma multiplicação como forma de auto-conservação. Não obstante isso, há um limite intransponível - a morte - apesar de que formas inferiores de vida possam se manter vivas por milhares e milhares de anos. Assim, por exemplo, na pele de um elefante mamute, congelado na Sibéria, há cerca de 10 mil anos, foram encontradas bactérias capazes de revivificação. Em campos de sal mineral foram encontradas bactérias fixadas vitalmente há milhões de anos, portanto que não morreram e que podem ser reconduzidas as condições normais de vida. É comum, hoje em dia, submeter bactérias a baixíssimas temperaturas e posteriormente, passados muitos anos, recondicioná-las para a vida. Mas chega também para elas o momento da morte.

Para o ser humano, a morte constitui sempre um drama e uma angústia. Tudo em seu ser clama por vida sem fim. Nem por isso pode deter os mecanismos da morte que se aproxima irrefragavelmente. São Paulo gritava: “Quem me libertará deste corpo de morte?” E respondia: “Graças a Deus por Nosso Senhor Jesus Cristo”.

É supreendente., pois nesta frase se encontra a essência pura do cristianismo. Este testemunha o fato maior de que alguém nos libertou da morte. Em alguém, a vida se mostrou mais forte que a morte e inaugurou uma sintropia superior. É o significado maior da ressurreição, como um tipo de vida não mais ameaçada pela doença e pela morte. Por isso a ressurreição não pode ser entendida como reanimação de um cadáver a exemplo de Lázaro. Mas como uma revolução dentro da evolução, como um galgar a um tipo de ordem vital não mais submetida à entropia.

Com isso se afirma que a vida mortal se transfigura. No processo de evolução, a vida alcançou tal densidade de realização que a morte não consegue mais penetrar nela e fazer sua obra devastadora. A angústia milenar desaparece, sossega o coração, cansado de tanto perguntar pelo sentido da vida mortal. Enfim, o futuro se antecipa, se encontra aberto e um desembocar feliz e aponta para uma vida para além deste tipo de vida.

Logicamente, este é o discurso cristão que supõe a ruptura da fé. Os seguidores de Jesus testemunharam o sepulcro vazio e a manifestação do “novíssimo Adão”. Tal evento gerou ilimitada jovialidade e uma fonte inesgotável de esperança até os dias de hoje. Se Jesus ressuscitou, nós humanos, seus irmãos e irmãs, somos atingidos por esta ressonância morfogenética de outra ordem e assistimos antecipadamente um pouco do fim bom da criação e da vida.

Embora suponha a fé, a crença na ressurreição constitui uma oferta de sentido para todos os que apostam em algo que pode ir alem desta vida. Em razão disso, a alternativa não é vida ou morte, mas vida ou ressurreição.

Leonardo Boff

LANCHE DA MADRUGADA

Dentro de instantes, às 22h, estaremos saindo da nossa Igreja de São Marcos no conjunto Panatis II para o "LANCHE DA MADRUGADA".

Não entendemos amar a Cristo sem que necessariamente este amor seja externado através de práticas de amor. Solidariedade, fraternidade, igualdade, liberdade e luta por uma comunidade onde as pessoas sejam felizes e vivam com dignidade. É este o carisma do Grupo Luz do Mundo que atende ao chamado do Evangelho e da Igreja (Mt 22,34-40).
Justificar
O "LANCHE DA MADRUGADA" compreende uma visita a moradores de rua de nossa cidade (Alecrim, Cidade Alta, Ribeira, Bom Pastor, Ceasa, Rodoviária Nova etc.) onde levamos uma palavra amiga e um pequeno lanche. Mobilizamos pessoas de nossa comunidade, componentes do grupo e amigos que doaram a comida e o Grupo Luz do Mundo organizou a feitura do lanche e fará a distribuição nas ruas da cidade.

Este gesto concreto de amor e solidariedade tem o condão de nos proporcionar a experiência concreta de vivenciar uma realidade triste que assola a nossa cidade e o mundo, que é a pobreza, a exclusão de tantos filhos de Deus. Você sabe quantas pessoas vivem pelas ruas de nossa país? E em nossa cidade Natal/RN? Muitos filhos de Deus dormem pelas calçadas, debaixo de pontes, nas rodoviárias, sem acesso a educação e saúde. Que mundo é esse que construimos e ajudamos a construir !

A verdade é que sonhamos e lutamos por mundo de paz, amor e que as pessoas consigam viver a liberdade em sua plenitude. O "LANCHE DA MADRUGADA" é apenas um consolo, um alívio, sabemos que as pessoas amanhã estarão dormindo nos mesmos lugares e estarão novamente com fome. O evento desta noite/madrugada serve para que sintamos um pouco na pele o sofrimento de tantos irmãos, filhos de Deus. Serve também para que reflitamos sobre o que estamos fazendo de concreto para mudar este sistema que gera esta realidade de sofrimento e exclusão.

Além da visita, entrega do lanche, estaremos também entregando um panfleto de informações sobre direitos dos cidadãos e serviços prestados pelo serviço de assistência social da Prefeitura de Natal/RN (SEMTAS).

Que Deus nos abençõe e nos guarde nesta madrugada !


Luiz Teixeira