No final dos anos 80 voltou a cidade natal, onde logo conheceu um jovem, com quem foi casada durante 24 anos e juntos tiveram dois filhos. Mas antes do casamento, surgiu uma gravidez inesperada, a qual fez sofrer muito preconceito por parte de sua mãe e da sociedade, pelo fato de ter engravidado ainda solteira. Foram tantas as humilhações e incertezas, que em um momento de desespero quase tentou interromper a sua gestação, mas Deus colocou um farmacêutico em seu caminho que ajudou a impedi-la. Depois de passado o arrependimento , encarou tudo de frente e foi trabalhar de doméstica até o sétimo mês de gravidez. para comprar o enxoval de sua filha.
Se mudando para Natal, antes de morar no seu atual bairro há 23 anos, foi morar próximo do bairro da Redinha, em um simples casebre com piso de barro, sem energia elétrica e com um pequeno banheiro construído de palha de coqueiro nos fundo do quintal.
Outro momento de dificuldade, foi quando a sua filha com apenas 1 ano e sete meses, teve que se hospitalizada em virtude de um forte sarampo, chegando a ser desenganada pelos médicos; “ Eles disseram que eu podia preparar o velório”! E foi ainda mais difícil porque mal conseguia se locomover em virtude de um grande inchaço causada por os sete meses de gravidez do seu segundo filho. Ela começou a pedir incessantemente a Deus pela recuperação de sua filha que logo veio a sair da U.T.I e voltou para casa.
Sempre dedicada aos filhos, marido e lar, é um exemplo de mulher. Suportou muito tempo o insucesso do casamento por amor aos filhos, pois sabia que seria muito difícil cria-los com a ausência do pai, já que a diabetes, descobertos desde 1986, já a deixava aos poucos com a saúde debilitada.
A saúde dos seus pais também não caminhava bem, e como única filha na cidade, só restava a ela o dever de cuidar de seus pais. A primeira a partir, foi sua mãe, a qual morreu em seus braços e 10 meses depois sofreu bastante com a partida do seu pai, o qual era muito apegada..
Depois da perca dos pais sua vida se resumiu ainda mais em cuidar dos filhos e da casa. Sempre animada, escondia através de seu sorriso, suas dores. Jamais gostou de se entregar aos problemas. Sempre gostou de ajudar o próximo e de receber amigos em sua casa, principalmente nas festinhas caseiras, pois isso a fazia muito feliz.
Mas o ano 2006 seria realmente o ano de grandes provações. Pois tudo começou em setembro com sua separação. Com tamanha decepção do motivo a qual resultou nisso, ela entrou em depressão, vindo a causar problemas clínicos. Com um surgimento de um pequeno calo entre seus dedos do pé direito, não ligou não deu muito importância, vindo a se tornar futuramente em uma infecção.
Quando procurou ajuda médica, os medicamentos já foram insuficientes e não evitou a necrose no dedo, sendo então, necessário realizara a amputação daquele simples dedinho . Após 11 dias de internada, voltou para casa pra se recuperar, mas a infecção não conseguia ser destruída, e em função do seu quadro de desidratação foi internada novamente com o objetivo de tomar remédios mais fortes. Foram os piores dias de sua vida, tanto ela, como algumas pessoas chegaram a pensar que dessa vez não voltaria mais pra casa. “Foram muitas dores, sofrimento, desespero, gastos, e as vezes faltava força pra reagir contra aquela infecção que a cada dia consumia a minha perna, e deixava um mal cheiro terrível!”, lembra a nossa amiga!
A amputação da perna só foi decidida na sexta–feira dia 22 de dezembro, de manhã bem cedo, quando a médica percebeu que a infecção já estava entrando na corrente sanguínea e que na noite anterior ela não tinha sido medicada com o principal remédio, por irresponsabilidade da farmácia daquele hospital. Conclusão: Tinha que ser cirurgiada naquela hora! No dia anterior já havia preparado a sua filha de que a partir do momento que ela corresse risco de vida, não haveria outra opção a não ser amputar a perna imediatamente. “Eu ainda estava tomando banho, quando ela entrou no banheiro, me ajudou a terminar , me levou pra cama, me preparou e me deu a notícia de que não haveria mais jeito, teria que amputar!”
Ela relata ainda que seu mundo desabou naqueles cinco minutos. Pensava muito nos filhos, principalmente como iria reagir sua filha, que praticamente não saia do seu lado no hospital. Disse que era em vão a médica e as enfermeiras tentarem dar forças e consolar de que ela iria superar, pois era uma dor muito grande! Mas ao chegar ao centro cirúrgico Deus começava a tranqüilizar e aos poucos ficava mais calma com o apoio de toda aquela equipe. Naquela hora a única coisa que fez foi se entregar nas mãos de Deus. E graças a ele tudo ocorreu bem
Ao retornar ao leito, vinha aliviada daquelas dores insuportáveis, mais chorosa e envergonhada. Não queria que as pessoas a vissem daquele jeito. Mas o enorme apoio dos filhos, familiares e os tantos amigos, foram de muita importância para sua recuperação. A médica se preocupava com uma possibilidade de uma nova depressão e a encaminhou a um psicólogo. Mas não foi preciso, pois a maior terapia foi o carinho e as orações de todos que não cessaram em pedir a Deus pela sua recuperação. A todas essas pessoas ela diz que será eternamente agradecida por tudo.
Aos poucos foi se adaptando e reagindo com uma excelência recuperação. Não faltava quem a ajudasse. A casa vivia cheia de pessoas todos os dias. Deus lhe dava tanta força a cada dia, que quando as pessoas chegavam para visitar e começavam a chorar ou se lamentar pelo o acontecido, ela era quem dizia as palavras de força as pessoas dizendo: Não fica assim fulaninho, já que Deus permitiu que isso acontecesse, paciência! Prometi a mim mesmo que não vou reclamar, pois o importante é que ele me deixou com vida, tenho fé que sairei dessa! Palavras essas que chocavam as pessoas por tamanha força de vontade de viver.
Certas limitações, não a impediram de que aos poucos voltasse a dominar a sua cozinha e que futuramente chegasse a fazer coisas que ninguém imaginaria que ela fizesse, como por exemplo lavar e passar roupa escorada em uma moleta. Hoje ela tenta se divertir o máximo possível. Sente falta da liberdade de sair sozinha, andando na rua, mas tem a esperança de um dia poder possuir uma boa prótese que a permita andar por perto de casa.
Atualmente ela pratica hidroginástica, voltará a estudar e também quer aprender a navegar na internet. Gosta de ir a encontros da canção nova e leva um vida religiosa bem ativa, com uma fé de causar admiração. Nesse momento está feliz e animada pra comemorar e louvar a Deus pelos os seus 50 anos ao lado dos filhos, amigos e familiares.
Por: Leandra Melo ( filha)