quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Grupão de 23 de novembro de 2008

Imagens do Grupão de domingo passado: Momentos de alegria, louvor e formação para o nosso Natal em Família 2008.

Que Deus nos conceda a graça de sermos fiéis e competentes anunciadores da Boa Nova !

Papai Noel ou Menino Jesus?

Devido à minha barba longa e aos cabelos brancos, muitas crianças me vêem e me chamam de Papai Noel. Eu lhes explico, sem convencê-las, que sou apenas o irmão do Papai Noel. E que minha função é olhar pelas crianças, observar se elas estudam direitinho, se tratam bem os coleguinhas e se escutam os bons conselhos de seus pais. Digo-lhes que depois conto tudo ao Papai Noel que, então no Natal, vai lhes trazer belos presentes. Num dia desses, uma me seguiu curiosa. Quando me viu entrar no carro correu para o pai e lhe disse:"Pai, o Papai Noel não veio de trenó; ele veio de carro".

Esse é um tipo de Natal com seu respectivo imaginário. Papai Noel é uma figura do mercado. Ele é o bom velhinho que trata de seduzir as crianças para que seus pais lhes comprem presentes. A memória de que ele representa São Nicolau que também trazia presentes desapareceu para dar lugar à figura infantilizada do bom velhinho que tira do saco surpresas que antes foram compradas e postas lá dentro.

Como em todas as casas há televisão – pode faltar o pão mas nunca a televisão – as crianças pobres vêem o Papai Noel e sonham com o mundo encantado que ele mostra, cheio de presentes, carrinhos, bonecas e brinquedos eletrônicos a que elas dificilmente terão acesso. E sofrem com isso apesar de manter o brilho encantado de seus olhinhos infantis. O mercado é o novo deus que exige submetimento de todos. Dai que as crianças pressionam seus pais para que Papai Noel também passe lá por "casa". Então são os pais que sofrem por não poderem atender ao filhos, seduzidos por tantos objetos-fetiche mostrados pelo Papai Noel.

O mercado é uma das maiores criações sociais. Mas houve e há muitos tipos de mercado. O nosso, de corte capitalista, é terrivelmente excludente e por isso vitimizador de pessoas e de empresas. Ele é apenas concorrencial e nada solidário. Só conta quem produz e consome. Quem é pobre deve se contentar com migalhas ou apenas viver na marginalidade. No tempo de Natal, o Papai Noel é uma figura central do consumo para quem está dentro do sistema e pode pagar.

Diferente é o Natal do Menino Jesus. Ele nasceu de uma família pobre e honrada. Por ocasião de seu nascimento numa gruta, entre animais, anjos cantaram no céu, pastores ficaram imobilizados de emoção e até sábios vieram de longe para saudá-lo. Quando grande, fêz-se exímio contador de histórias e pregador ambulante com uma mensagem de total inclusão de todos, começando pelos pobres a quem chamou de bem-aventurados. As pessoas que guardam sua memória sagrada, na noite de Natal, ouvem a história de como nasceu, celebram a presença humanitária de Deus que assumiu a forma de uma criança. Festejam a ceia com a família e os amigos. Aqui não há mercado nem excluidos. Mas luz, alegria e confraternização. A troca de presentes simboliza o maior presente que Deus nos deu: Ele mesmo na forma de um infante. Ele nos alimenta a esperança de que podemos viver sem o Papai Noel que nos vende ilusões.

Dom Pedro Casaldáliga diante de um indiosinho recém-nascido escreveu:"Não vi a tal da estrela, mas vi um Deus muito pobre. Maria estava desperta, desperta estava a noite. E estava sobressaltado para sempre o rei Herodes". O rei Herodes não é mais uma pessoa, mas um sistema que continua devorando pessoas no altar do consumo solitário.


Leonardo Boff

ENCONTRO NATALENSE DE ESCRITORES

O III ENE - Encontro Natalense de Escritores - vai começar. De 27 e 29 de novembro, de quinta-feira a sábado, na Praça Augusto Severo, na Ribeira, escritores, poetas, jornalistas, romancistas, pesquisadores e intelectuais de diferentes gerações e pensamentos discutirão suas visões e caminhos literários em encontros inéditos por aqui. Estarão juntos escritores nacionais e locais frente a frente com o público dialogando sobre literatura, música, poesia e o que mais permitir a transcendência das palavras. O evento é uma realização da Prefeitura do Natal através da Funcarte.

PROGRAMAÇÃO PARA QUINTA-FEIRA, 27/11


TENDA LITERÁRIA – 16h

MESA LITERÁRIA: CONTO, POESIA E OUTRAS CONVERSAS – COM CHICO MATTOSO, SILVÉRIO PESSOA, NÍCOLAS BEHR

Diferentes gerações de poetas e autores discutem suas visões e caminhos literários, do blog ao livro, do conto ao romance, da poesia surgida nos mimeógrafos ao poema-celular e a letra essencialmente sonora.

CHICO MATTOSO nasceu na França, em 1978, mas sempre viveu em São Paulo. Tem 30 anos, é formado em Letras pela Universidade de São Paulo -USP, foi editor da revista Ácaro e é co-autor de Cabras “Caderno de Viagem (Unisol, 1999) e Parati para mim (Planeta, 2003), que o lançou como um dos escritores convidados da primeira FLIP - Feira Literária Internacional de Parati. Além da ficção, trabalha como jornalista, tradutor e roteirista. Seu primeiro romance, Longe de Ramiro (Editora 34), lançado em 2007, foi finalista do prêmio Jabuti. Atualmente escreve um livro ambientado em Havana para o projeto Amores Expressos da editora Record.

NÍCOLAS BEHR - Nasceu em Cuiabá-MT em 1958, é escritor da geração mimeógrafo e do movimento estudantil. Mora em Brasília desde 1974. Em 1977 lançou seu primeiro "best seller" Iogurte com Farinha, impresso em mimeógrafo do Colégio Setor Leste. De mão em mão vendeu 8 mil exemplares. Na década de 70 lançou ainda 'Grande Circular', 'Caroço de Goiaba' e 'Chá com Porrada'. Nos anos 80 foi redator de várias agências de propaganda, mas largou a carreira de publicitário para criar a ONG ecológica MOVE - Movimento Ecológico de Brasília. Dez anos depois volta à poesia com 'Porque Construí Brasília' e 'Poesília - poesia pau-brasília'. Também publicou "Menino Diamantino", "Viver Deveria Bastar", "Vinde a mim as palavrinhas", entre outros.

SILVÉRIO PESSOA é pernambucano de Carpina, região da Zona da Mata. É um dos nomes mais importantes da geração Manguebeat - movimento estético-musical liderado por Chico Science. É poeta, compositor, músico, foi integrante do grupo pernambucano Cascabulho. Em 2001, após sair da banda, desenvolveu um CD baseado na obra do cantador alagoano Jacinto Silva, chamado Bate o Mancá - O Povo dos Canaviais. Lançou recentemente o espetáculo/CD 'Cabeça elétrica, coração acústico', onde cerze uma costura forte entre a música e a poesia nordestina e urbana, com influências do Armorial, e na poesia dos cantadores.

ESPAÇO DO LIVRO – 17:35h

Os autores Chico Mattoso, Nicolas Behr, Silvério Pessoa e Napoleão Paiva autografam suas obras que estarão à venda no local.

MUSEU MUNICIPAL DE CULTURA POPULAR DJALMA MARANHÃO – 18:30h

Lançamento de "XEXÉU, O POETA DAS LAJES" – Registro em CD do poeta popular e cordelista João Gomes Sobrinho, mais conhecido como Xexéu. O disco, que integra a coleção Documento Sonoro lançado pela Prefeitura do Natal através da Funcarte, resgata alguns dos mais conhecidos textos de cordel deste poeta de 68 anos, nascido no sítio do Lajes, distrito de Santo Antônio do Salto da Onça - RN. "Xexéu, o poeta das lajes" tem participação de cantadores e poetas nordestinos contemporâneos como Ivanildo Vilanova, Oliveira de Panelas, Sebastião Dias e a dupla Os Nonatos. Xexéu descobriu os cordéis ainda criança, andando pelas feiras do seu interior. Fazia versos de improviso sobre a realidade em que vivia, romances e temática ecológica. Para "aprender mais", leu livros de Casimiro de Abreu e de Machado de Assis. Hoje, é considerado patrimônio cultural do seu município, foi tema de documentário premiado no Festnatal "Xexéu, o poeta popular", e lançou recentemente a coletânea "Vozes da Natureza", pela Prefeitura do Natal.

TENDA LITERÁRIA – 19h

ENCONTRO MARCADO COM ARNALDO ANTUNES

Um dos mais talentosos artistas contemporâneos, ativo em várias frentes há mais de 20 anos, Arnaldo Antunes tem, no ENE, um encontro inédito com seu público, para falar sobre poesia, música, literatura e artes visuais. Também falará sobre sua mais recente obra "Como É que Chama o Nome Disso".

ARNALDO ANTUNES - Nasceu em São Paulo, em 1960. Fez faculdade de Letras na USP, trabalhou com música, poesia, publicou jornais e revistas literárias e experimentou cinema quando ainda era universitário. A fama veio após participar como integrante do grupo de rock Titãs, com o qual trabalhou intensamente nos seis primeiros discos. Em carreira solo, lançou o CD e vídeo "Nome", unindo música, poesia e produção gráfica em um único projeto. O CD é produzido por Arnaldo, Paulo Tatit e Rodolfo Stroeter. O vídeo contém 30 peças com o intuito de dar movimento à palavra escrita. Arnaldo também integrou o grupo 'Ouver', com Augusto de Campos, Haroldo de Campos, Décio Pignatari, Lívio Tragtemberg, Walter Silveira e outros, com o qual apresenta performance poética na comemoração dos "30 Anos da Semana Nacional de Poesia de Vanguarda". Como autor, possui 13 livros publicados. Com o livro de poemas "As coisas", ganhou o Prêmio Jabuti de Poesia em 1993, e atuou como ensaísta na Folha de S. Paulo. Arnaldo Antunes participa em uma das faixas do CD Poemúsica, com composições de Dácio Galvão, que sairá pelo projeto de Documento Sonoro da Prefeitura do Natal, através da Fundação Capitania das Artes.

TRIO MACHADO DE ASSIS E SEUS AMIGOS – 20:30h

MESA LITERÁRIA COM ANTÔNIO CARLOS SECCHIN, MURILO MELO FILHO E DIÓGENES DA CUNHA LIMA (Mediador)
O maior e mais discutido de todos os escritores nacionais será o tema desta conversa entre o poeta, ensaísta e crítico literário Antônio Carlos Secchin, o jornalista Murilo Melo Filho e o escritor Diógenes da Cunha Lima. Aspectos novos da vida e da obra de Machado de Assis, revelados em correspondências aos seus amigos, será a abordagem dos debatedores.

ANTÔNIO CARLOS SECCHIN - É doutor em Letras e professor titular de Literatura Brasileira da UFRJ. É ganhador de diversos prêmios literários, e organizador de antologias importantes como as de João Cabral de Melo Neto (João Cabral: A poesia do menos), Cecília Meireles (edição do centenário) e Mário Pederneiras. Publicou os livros A ilha (1971), Ária de estação (1973), Movimento (1976), Elementos (1983), Diga-se de passagem (1988), Poesia e desordem (1996), Todos os ventos (2002), Escritos sobre poesia e alguma ficção (2003), 50 poemas escolhidos pelo autor (2006), entre outros. Como crítico, também debruçou-se sobre as obras de Álvares de Azevedo, Cruz e Souza, Drummond, Quintana, Ferreira Gullar e Ruben Braga, mostrando uma visão inovadora desses autores e análises refinadas de suas obras.

MURILO MELO FILHO é jornalista potiguar e membro da Academia Brasileira de Letras desde 1999. Firmou-se no Rio de Janeiro aos 18 anos, onde trabalhou em veículos da grande imprensa como a Tribuna da Imprensa, Jornal do Commercio, no Estado de São Paulo, na revista Manchete. Viveu no Distrito Federal, onde foi professor de Jornalismo na Universidade de Brasília. Ainda como repórter, cobriu a guerra do Vietnã em 1967 e a guerra do Camboja em 1973. Em companhia de Arnaldo Niskier, Raimundo Magalhães Júnior e Joel Silveira- escreveu Cinco Dias de Junho, um livro sobre a Guerra dos Seis Dias, de Israel. Também assinou em parceria com outros escritores o livro O Assunto é Padre e Reportagens que Abalaram o Brasil. Lançou ainda O Desafio Brasileiro, seu primeiro livro sozinho, e O Modelo Brasileiro. Em 1997 lançou o livro Testemunho Político.

DIÓGENES DA CUNHA LIMA - Nasceu em Nova Cruz, em 1938, é advogado, poeta e escritor, também presidente da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras. Conhecido como o poeta do Baobá, por conta de um terreno que comprou para preservar um baobá nativo e também por sua paixão pela obra de Saint-Exurpéry, Diógenes da Cunha Lima tem se dedicado a produzir literatura em muitas frentes, não somente poesia, mas também biografias e ensaios, experimentando também a literatura infantil. Seu primeiro livro publicado foi de poemas "Lua 4 vezes sol", em 1968. Em 1975, recebeu o prêmio Othoniel Menezes de Poesia, com "Instrumento dúctil". Foi reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, secretário de Educação e Cultura do Estado durante o governo de Cortez Pereira, presidente da Fundação José Augusto, professor do Curso de Direito e é, atualmente, presidente da Academia Norte-rio-grandense de Letras. Em 1977, lançou "Poemas do amor sem sossego". Ao todo são 20 livros publicados. Lançou também "O Semeador de Alegria", pequena biografia sobre Dom Nivaldo Monte, "Câmara Cascudo, um brasileiro feliz", "O Livro das respostas".


ESPAÇO DO LIVRO – 20:30h
ARNALDO ANTUNES autografa seu livro "Como É que Chama o Nome Disso", lançado pela Publifolha que reúne os melhores poemas, ensaios, letras de música e caligrafias, selecionados pelo próprio Arnaldo, acrescidos de um livro inédito de poemas (Nada de DNA) e de uma longa entrevista (com Arthur Nestrovski, Francisco Bosco e José Miguel Wisnik), além de um ensaio introdutório (de Antonio Medina Rodrigues).


ESPAÇO DO LIVRO – 22h
Os escritores Antônio Carlos Secchin, Murilo Melo Filho e Diógenes da Cunha Lima autografam suas obras, à venda no local.

22 h10 - PRAÇA AUGUSTO SEVERO – 22:10h
Show Arnaldo Antunes e Banda