As semelhanças com PCs adquiridas pelos telefones celulares nos últimos anos, evidentemente, não ficariam apenas na reprodução de músicas e filmes e na navegação móvel – teria de haver aqueles que tentariam roubar dinheiro por meio dos aparelhos. Um golpe que usa o nome do canal de televisão SBT em mensagens telefônicas distribuídas a partir do Nordeste vem atingindo usuários incautos em todo o País, prometendo prêmios como carros e casas. Em uma versão digital do popular Conto do Vigário, a promessa de recompensa exige um ônus – no caso das mensagens, o usuário é obrigado a comprar um número determinado de cartões de recarga para celulares pré-pagos como “prova do interesse”. Tecnicamente, o golpe tem nome: é chamado de phishing, ameaça de segurança em que os criminosos usam mensagens para convencer o usuário a dar algo próprio em troca de um prometido prêmio. A prática de phishings em celulares, porém, é recente (com pequenas variações de prêmios e discursos, os primeiros casos do tipo começaram a pipocar no Brasil em 2006) e se beneficia da expansão da base de celulares – em abril, segundo a Anatel, foram 127,7 milhões de aparelhos. Não à toa, o golpe mais popular usa como principal referência uma comemoração de aniversário do programa “Domingo Legal”, do SBT que distribuiria prêmios para usuários de celulares que recebem as mensagens.
Como funciona o golpe do SMS
O primeiro contato entre vítima e criminoso é feito por meio de um número de celular na mensagem, apresentado como telefone fixo. Nos casos analisados pelo IDG Now!, percebeu-se que muitos dos números que se passam pelo “contato oficial da emissora” são usados, posteriormente, para o envio das mensagens. Esta espécie de rodízio de aparelhos é usada pelos criminosos responsáveis pelo golpe para evitar possíveis rastreamentos – em cinco números usados pelo golpe para os quais o IDG Now! telefonou, apenas um atendeu. “Sabemos que a maioria dos golpes aplicados no Brasil vem do estado do Ceará, notadamente, das unidades prisionais na capital e região metropolitana”, admite o major Costa da polícia cearence, que cita o presídio IPPS, com cerca 2 mil presidiários já condenados pela Justiça,como provável centro das operações. Existem propostas de medidas para se evitar a ocorrência deste golpe que passa pela maior vigilância dos presídios, rastreadores para identificar que efetua as ligações, novos equipamentos de revista etc. Não há prazo, porém, para que as iniciativas sejam efetivadas. Até lá, o melhor remédio contra o golpe é uma mistura de desconfiança pelo generoso prêmio e consciência da falta de atuação das empresas envolvidas em concursos do tipo, como sugere, além de TIM e SBT, o bom senso.
Guilherme Felitti, editor-assistente do IDG Now!
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