terça-feira, 12 de julho de 2011

Meu filho, você não merece nada

Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.

Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.

Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade. 

Eliane Brum - Jornalista, escritora e documentarista.


DROGAS !

Na segunda-feira (11/07/2011) não se falava outra coisa na tevê ou na internet: O programa do Faustão que entrevistou o ex-jogador e comentarista de futebol,  Valter Casagrande Júnior e sua luta contra as drogas. Vale a pena assistir e ver o quanto a droga é deletéria na vida de uma pessoa.

Na entrevista se constata a alegria de ver que alguém pode, com ajuda de famíliares e amigos, combater com sucesso a dependência das drogas. O triste é saber também que aquela ajuda não prescindi de apoio médica, hospitalar e de suporte psicológico e psiquiátrico adequados para a libertação da dependência. Ele, jogador famoso, rico, funcionário de uma grande empresa , teve todo o suporte e ajuda necessária. E os filhos pobres deste país viciado em drogas (maconha, crack, cocaina etc.) ? Como ficam? Não se libertam ! Só um milagre!  E o que fazemos para mudar esta realidade?

No vídeo abaixo, o depoimento emocionado de um dos filhos de Casagrande.  Uma vítima deste câncer da sociedade que destrói a vida de um filho de Deus e de sua família.



A entrevista na íntegra, clique aqui


TEMPOS BONS DE QUANTO TÍNHAMOS TEMPO...

Desde o primeiro momento de nosso planejamento para esta quaresma, um sentimento sempre foi muito presente e tocou o nosso coração. Em uma CF que aborda como tema a Segurança Pública e a consequente violência que assola as nossas famílias e comunidade, não poderíamos deixar de falar sobre as DROGAS.

Graças a Deus e a nossa perseverança e fé, tudo deu certo e conseguimos trazer para nossa comunidade o Professor João Maria Mendonça de Moura, Presidente do Conselho Estadual de Entorpecentes (CONEN) para falar sobre o tema DROGAS E SUA PREVENÇÃO, que fora realizado no último sábado (21/03/09). Foi uma noite muito feliz com a participação de mais de oitenta pessoas da comunidade que nos prestigiaram e sairam um pouco mais conscientes da problemática das drogas. Aprenderam também que a solução deste "câncer" só será possível com prevenção e conscientização das famílias.

Parabéns ao Grupo Luz do Mundo !!


Professor João Maria Mendonça de Moura, Presidente do (CONEN)


AA comemora atuação no Estado


A Área de Alcoólicos Anônimos do Rio Grande do Norte - AA - comemora 36 anos de atuação no Estado, neste mês. Para marcar a data, promoverá uma palestra interativa com a presidente Nacional da Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos do Brasil, Dra. Sandra Lúcia de Oliveira Rodrigues, dia 27 deste mês, ás 9 horas, no auditório da Biblioteca Central Zila Mamede, da UFRN. O tema será “Alcoólicos Anônimos colaborando com os profissionais no tratamento do alcoolismo”. Após a palestra, os participantes poderão interagir, com perguntas e colocações.

Informações, fone 3221-2777 e pelo e-mail: aarn@aarn.org.br.

Christiane F. e eu


Eu tinha 12 anos. Alguém foi expulso da escola por fumar maconha. Maconha? Na minha casa essa palavra nunca tinha sido pronunciada. Mas o esclarecimento veio logo depois: minha professora de moral e cívica nos alertou sobre um caso de um garoto que fumou a tal coisa e engoliu um papagaio. Sim, isso mesmo, fumou maconha e engoliu um papagaio vivo. Essa imagem me apavorou. A vida toda tive medo de me meter com aquilo e engolir algum penoso. Mais tarde, li e reli a história de Christiane F., menina alemã que chafurdou nas drogas, fumou o baseado que o diabo enrolou, viciou-se em heroína e aos 13 anos se prostituía na estação Zoo em Berlim. Não satisfeita, assisti ao filme homônimo e fiquei ainda mais apavorada e com medo de acontecer o mesmo comigo, sem o glamour de Berlim, Niterói nem tem metrô. Nunca mais soube de minha amiga Christiane até o Google me contar que ela, ao contrário de sua companheira de loucura que morreu de overdose aos 14 anos, está viva, parou e voltou a se drogar uma dezena de vezes; ela, que na adolescência usou água da privada para dar mais um pico, milagrosamente, mantém seus lindos olhos azuis. Minha experiência com drogas é quase nula, não gosto da onda e minha grande aventura foi quando, totalmente desavisada, tomei um Chocomilk vitaminado com ácido dentro. Meus amigos resolveram fazer essa brincadeirinha comigo chefiados pelo meu namorado na época, que julgava que eu deveria “abrir minha cabeça”. Logo mudou de opinião depois que passei 12 horas falando sem parar e conversando loucuras com transeuntes desconhecidos. Definitivamente não tenho talento para “abrir minha cabeça”, meus porres são patéticos, com duas taças de vinho falo uma dúzia de besteiras, volto para casa e já estou curada.

Dito isso, sinto-me totalmente à vontade para apoiar a liberação das drogas. Não consigo enxergar a diferença entre maconha e cerveja, uísque e cocaína. Tudo isso é um problema imenso para os dependentes químicos e suas famílias. Tem gente que toma uma cervejinha e vai dormir na boa, tem gente que não consegue parar e destrói a vida por causa de uma bebida considerada leve que tem propaganda na televisão. Tem muito pai que enche a cara de vodca e fica desesperado porque o filho está fumando maconha. Não sei qual é a diferença. Visitei os cafés de Amsterdã, onde se pode fumar à vontade, claro que não gostei daquele fumacê, mas nada diferente dos bares do Baixo Gávea.

Pergunto-me qual profissão os traficantes escolheriam, caso acabassem com o tráfico. Dificilmente se tornariam exemplos de pais de família, mas será que não diminuiria a violência, começando pelas crianças seduzidas pela grana rápida do aviãozinho? As comunidades não teriam mais paz? A droga na mão do Estado não tiraria parte do poder dos bandidos? Por acaso as pessoas se drogam menos porque é proibido? Algum doidão tem medo de se arriscar porque pode ser preso? Entendo quem seja contra, é realmente um pouco assustador, mas não seria inteligente discutir um pouco mais sobre isso?

Drogas leves, pesadas, álcool, remédios e tudo que atrapalha a vida por adicção, por fim, é a mesma coisa. Problema de saúde pública. Taí Heleninha Roitman que não me deixa mentir.

Não acredito nas marchas contra a legalização, me parecem apenas uma demonstração de moral e cívica. Será que eles estão com medo da história do papagaio?

Márcia Cabrita - Atriz