quarta-feira, 20 de outubro de 2010





Felicidade é ter o que fazer, ter algo que amar, e algo que esperar. (Aristóteles)

Amigo é coisa pra se guardar...


O Grupo Luz do Mundo procura novos caminhos..."Tenta se salvar!"  Dar um novo sentido a sua caminhada é o esforço de todos os seus integrantes que se reunem a dois finais de semana seguidos. Deus se manifesta através do diálogo e da escuta. É o que estamos fazendo...

Um filho pergunta à mãe:
- Mãe, posso ir ao hospital ver meu amigo? Ele está doente!

- Claro, mas o que ele tem?
O filho, com a cabeça baixa, diz:
- Tumor no cérebro.

A mãe, furiosa, diz:
-E você quer ir lá para quê? Vê-lo morrer?

O filho lhe dá as costas e vai...
Horas depois ele volta vermelho de tanto chorar, dizendo:

- Ai mãe, foi tão horrível, ele morreu na minha frente!

A mãe, com raiva:

- E agora?! Tá feliz?! Valeu a pena ter visto aquela cena?!

Uma última lágrima cai de seus olhos e, acompanhado de um sorriso, ele diz:

- Muito, pois cheguei a tempo de vê-lo sorrir e dizer:

'- EU TINHA CERTEZA QUE VOCÊ VINHA!'


Moral da história: A amizade não se resume só em horas boas,alegria e festa. Amigo é para todas as horas, boas ou ruins,tristes ou alegres.

CONSERVEM COM SEUS AMIGOS(a)! PERDOE AS DESAVENSAS QUANDO HOUVER; SEJA FELIZ AO LADO DELES PORQUE O VALOR QUE ELES TÊM NÃO TEM PREÇO... 


Por
Milena (Equipe de Catequese)




Crítica de Ariano Suassuna sobre o forró atual (mudando um pouco de assunto...)

'Tem rapariga aí? Se tem, levante a mão!'. A maioria, as moças, levanta a mão. Diante de uma plateia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, e todas bandas do gênero). As outras são 'gaia', 'cabaré', e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.

Pra uma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá: Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do forró), Mulher roleira (Saia Rodada), Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde do Forró), Banho de língua (Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal), Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.

Porém o culpado desta 'desculhambação' não é culpa exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando- se. Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de 'forró', parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde. 

Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado. Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo est tico. Pior, o glamour, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.

Aqui o que se autodenomina 'forró estilizado' continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem 'rapariga na plateia', alguma coisa está fora de ordem. Quando canta uma canção (canção?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é 'É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!', alguma coisa está muito doente. Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos.

Ariano Suassuna

Os mineiros e a mineração chilena

Como todo mundo, acompanhei, emocionada, o resgate dos mineiros da mina São José. Depois de quase 70 dias enterrados, vivendo nas entranhas da Pachamama, eles voltaram à vida, numa operação de resgate inédita, a qual não faltaram a coragem, a ousadia, a solidariedade, a cooperação. As cenas que se sucediam, a cada homem que vinha à luz, eram de profunda mística. As famílias, principais responsáveis por aquele milagre, esperavam, com o rosto transfigurado de alegria, a chegada dos seus. E eles saiam da cápsula, com a aura de quem havia caminhado no escuro do mundo inferior e voltado para contar. Isso não é pouca coisa para o universo cultural das gentes do Atacama. Afinal, no mundo dos Likan Antay, tal como se autodenominam os originários da região do deserto chileno, o mundo inferior é morada dos mortos. Na Bolívia, os Aymara respeitam tanto esse mundo subterrâneo que não há uma mina que não tenha a figura do "tio", espécie de entidade mágica que faz a ligação entre o mundo de baixo e o de cima. Levar oferendas ao "tio" é imprescindível para que as gentes possam transitar no mundo inferior e voltar. Assim, aqueles homens que viveram a angustiosa espera de quase 70 dias no território da morte, certamente haverão de mudar suas vidas para sempre. Isso é altamente perturbador. 

Quem via aqueles homens saindo da cápsula, poderia pensar que aquela gente é quase mineral, talhada em cobre, prata e ouro. As caras angulosas, os narizes esculpidos, tornam os mineiros chilenos uma espécie de escultura forjada na riqueza que produzem dia após dia, cavoucando as entranhas da Mãe Terra. Mas, a história daqueles homens, perdidos no deserto mais seco do mundo, não foi sempre assim. Antes da chega dos espanhóis e da invasão de seus mundos, o minério que hoje é responsável pela vida e pela morte, não era usado para gerar riqueza. Ninguém feria a Pachamama para dela arrancar o lucro. Apenas o que brotava do chão era colhido para se transformar em adorno ou objeto de cerimônia. Foram os homens brancos que trouxeram a febre do ouro, e com ela a destruição, que perdura até hoje.

Apesar de ser um dos lugares mais secos do mundo, premido entre os Andes e o mar, o deserto tem seus espaços de vida nas chamadas quebradas, espécie de oásis, com pequenos riachos, onde se concentram as cidades. Ali vivem os atacamenhos desde há milênios. Há registros de que há 11 mil anos já era povoada a quebrada de San Lorenzo, assim como há 1.500 anos já se configuravam verdadeiras comunidades sedentárias, como o povo de Tulor, do qual se pode ver as ruínas das construções e o modo de vida. Essa era uma gente que viva no deserto em harmonia com as forças da natureza. Inscrições nas rochas dão conta de que eles realizavam longas jornadas comerciais, ligando-se inclusive ao povo de Tiahuanaco, na Bolívia e ao povo inca, no Peru. Sob a sombra do sagrado Licancabur (um vulcão) eles faziam cerimônias, davam pago a terra e viviam em paz.

Elaine Tavares - Jornalista