quinta-feira, 26 de agosto de 2010

QUEM PRECISA DE SAÚDE ?

Que a saúde da Prefeita de Natal e de seus secretários está bem não há dúvida. Mas que eles acreditem que a saúde do povo não precise de investimentos é uma cegueira ou má-vontade que nos revolta. 

No posto de saúde do Panatis até a semana passada o dentista não trabalhava por falta de manutenção dos  equipamentos e médico apenas um, Dr. Eduardo, o Cristo do bairro. A matéria abaixo explica um pouco a incompetência e a falta de sensibilidade desta atual gestão municipal. 

"Claro que o Município de sua administração tem autonomia para gerir os recursos e aplica-los da forma discricionária. Entretanto, julga não ser razoável, enquanto se necessita de recursos no setor de saúde, para benefício a população, onde se está em jogo a vida das pessoas e dos cidadãos, abrir crédito suplementar para propaganda de ações de governo.
  É desproporcional utilizar mais recursos em comunicação ou propaganda quando existem milhões de pessoas sofrendo sem estrutura e sem serviços de saúde que garantam uma vida mais digna.
(Juíza Ana Claudia Secundo da Luz e Lemos, da 3ª Vara da Fazenda Pública de Natal)


Juíza tira verba da comunicação

A juíza Ana Claudia Secundo da Luz e Lemos, da 3ª Vara da Fazenda Pública de Natal, deferiu uma liminar que determina o remanejamento do crédito suplementar de 1 milhão de reais aberto em favor da Secretaria de Comunicação Social de Natal para o Fundo Municipal de Saúde.

E determinou o remanejamento de cota orçamentária e respectivo lastro financeiro no valor de 2 milhões de reais do orçamento da Secretaria Municipal de Comunicação Social de Natal para o Fundo Municipal de Saúde.

A sentença, publicada nesta quarta-feira (25), no Diário da Justiça Eletrônico, determina ainda a intimação com urgência da Prefeita de Natal, pessoalmente, para proceder ao cumprimento da decisão, no prazo de 48 horas, sob pena de incidência de multa diária e pessoal de 2 mil reais.

Padre Tiago diz que a educação no Brasil é hidrocefálica

 Por Andrielle Mendes, especial para o Diário de Natal

O belga Jacques Theisen, mais conhecido como padre Tiago, chegou ao Brasil em 1968 a bordo de um navio. Na bagagem trouxe toneladas de medicamentos para ajudar quem ainda nem conhecia. Foram 14 dias de viagem, atendendo a um convite de Dom Nivaldo Monte, na época Arcebispo de Natal. Na cidade construiu 43 igrejas, 34 jardins de infância, 11 ambulatórios e cinco consultórios odontológicos. Os projetos Casulo e Elo, desenvolvidos pelo padre na periferia natalense, se tornaram referência nacional e foram implantados em mais 17 estados brasileiros. Pelo Casulo, passaram mais de 36 mil crianças natalenses. Pelo Elo foram mais de 45 mil. Em agosto, padre Tiago completou 55 anos de sacerdócio, 42 deles só no Brasil e encerrou suas atividades como pároco. Ao Diário de Natal, narrou sua odisséia e os projetos desenvolvidos.

Na Bélgica, o senhor descobriu a importância de se investir na pré-escola. O que o levou a investir na construção de jardins de infância em Natal?

Queria transmitir o conhecimento que havia adquirido. A eucaristia ensina a compartilhar, repartir. Repartir o quê? O que somos, o que temos, o que sabemos, o que pensamos, o que fazemos, o que sentimos. São as seis dimensões da partilha. No dia em que o cristão descobrir isso, vai encontrar o sentido da eucaristia. O cristo fez as seis coisas. Deu até a última gota de sangue. A cruz lembra isso. O caminho que ele percorreu. Ele nos deixou um mandamento. Amai-vos. Doai-vos. Mas o que é o amor? Tem três palavras. Filos é amizade, simpatia. Depois tem Eros, o erótico. A terceira dimensão é Ágape, que quer dizer o dom, o doar. Quando Jesus diz 'amai-vos uns aos outros', ele pede para a gente doar-se. O mundo é só fachada, só aparência, só dinheiro. Tudo isso é fumaça, não serve de nada. Você vive numa ilusão. O doar não. Um pedaço de chocolate repartido é mais gostoso.

O senhor acredita que sua vida sacerdotal foi uma vida de doação?

Foi tentar, porque todo mundo tem seus defeitos, seus limites, sua impaciência. Ninguém é perfeito. Ninguém faz nada sozinho.

Como era Natal na época que o senhor chegou aqui?

Natal não tinha nem 200 mil pessoas. Só tinha um semáforo. Um. No Grande Ponto, onde foi construído o Luzor. É outra lição que recebi aqui. Os velhos batiam papo lá. Tinha um edifício. Um. Era o Café Filho, que tinha somente três andares. Não existia uma torre em Natal. Era como se fosse (o bairro de) Felipe Camarão agora. E também nenhum prédio. Então, lá onde existe o Ducal, eu via entrar caminhões carregando ferro, tijolos, areia. E os velhos, como eu agora, perguntavam: 'o que vai ter aqui, meu Deus do Céu?' Passou um bom tempo e não saia nada. Mas lá embaixo existia um canteiro de obras, com betoneiras trabalhando. Eles começaram a construir 17 andares em cima disso. Cada vez que eu passo no Ducal, eu me lembro do alicerce, da fundação. Quanto mais você investe no alicerce, mais andares você constrói. Na Educação é a mesma coisa. Você tem de investir o máximo na pré-escola, porque a criança começa a sua socialização (nos primeiros anos). Os primeiros educadores são a família. É lá que a criança aprende a obedecer aos horários, a escovar os dentes, a obedecer alguém que não é a mãe, a ter disciplina.

Por que o senhor optou pela pré-escola?

Estrangeiro vindo sozinho para um país como esse sem conhecer as raízes não é salvador da pátria. Não traz soluções não, porque não conhece. Aí você tem que ver (os problemas), que é a primeira etapa de qualquer coisa. Depois, tem que prever aquilo que você gostaria que mudasse. Depois, prover recursos e promover ações. Quando cheguei em 1968, entendi que a educação era uma coisa essencial. Mesmo assim, só consegui construir o primeiro jardim de infância em 1971, que era o Pinóquio, em Igapó. Depois , construí um jardim de infância no mereto. Foi de lá que saiu uma aluna que é doutora hoje. Quando um estrangeiro chega num paísdesconhecido e encontra uma situação desumana, pensa numa forma de mudar as coisas. Para mim, a única forma de mudar a realidade era investir na pré-escola, uma solução a longo prazo. É claro que existiam problemas emergenciais como a fome. Foi aí que pensei no Inan (Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição). Conversei com um amigo, presidente do instituto, e disse que ele precisava trazer comida para alimentar o povo. Todos os meses, ele trazia 30 mil quilos de alimentos. Aqui moravam cinco mil pessoas. Cada uma recebia seis quilos de alimento. Tinha fubá, feijão, arroz, farinha, leite. Depois pensei 'precisamos fazer alguma coisa para erradicar os vermes'. Então, fizemos vários filtros de barro e distribuíamos as velas e torneiras. Eram coisas tão fáceis, como construir cisternas no interior. A coisa que me escandalizava mais era o nordestino não aproveitar a água da chuva e sofrer com a seca. A chuva que caía no inverno não era aproveitada para nada. Aí você tinha de pagar caminhões-pipa. Os políticosse aproveitavam e diziam 'se você não votar em mim, o caminhão já era'. O pessoal corria para buscar água suja. Foi aí que começamos a construir cisternas.

Como o senhor avalia a educação hoje em dia?

FRASE DO DIA


“Se alguém me ofender, procurarei elevar tão alto a minha alma para que a ofensa não me chegue”

Charles Dickens