quarta-feira, 23 de julho de 2008

EVANGELHO DO DIA

Ano A - Dia: 24/07/2008



Por que Jesus usava parábolas

Mt 13,10-17

Então os discípulos chegaram perto de Jesus e perguntaram:
- Por que é que o senhor usa parábolas para falar com essas pessoas?
Jesus respondeu:
- A vocês Deus mostra os segredos do Reino do Céu, mas, a elas, não. Pois quem tem receberá mais, para que tenha mais ainda. Mas quem não tem, até o pouco que tem lhe será tirado. É por isso que eu uso parábolas para falar com essas pessoas. Porque elas olham e não enxergam; escutam e não ouvem, nem entendem. E assim acontece com essas pessoas o que disse o profeta Isaías:

"Vocês ouvirão, mas não entenderão;
olharão, mas não enxergarão nada.
Pois a mente deste povo está fechada:
Eles taparam os ouvidos
e fecharam os olhos.
Se eles não tivessem feito isso,
os seus olhos poderiam ver,
e os seus ouvidos poderiam ouvir;
a sua mente poderia entender,
e eles voltariam para mim,
e eu os curaria! - disse Deus."

Jesus continuou, dizendo:
- Mas vocês, como são felizes! Pois os seus olhos vêem, e os seus ouvidos ouvem. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: muitos profetas e muitas outras pessoas do povo de Deus gostariam de ver o que vocês estão vendo, mas não puderam; e gostariam de ouvir o que vocês estão ouvindo, mas não ouviram.

Comentário do Evangelho

Jesus fala em parábolas

Esta explicação sobre o porquê a fala em parábolas também está no evangelho de Marcos (Mc 4,10-12). Mateus amplia o texto, com a citação mais longa de Isaías (6,9-10) e inserindo duas sentenças. A primeira sentença "a quem tem será dado... a quem não tem será tirado...", típica de uma sociedade de privilegiados, é inserida, ao todo, cinco vezes nos evangelhos sinóticos. Estes textos, com teor bastante excludente, parecem ser uma elaboração tardia das comunidades ainda marcadas pela ideologia seletiva do Primeiro Testamento. Em conclusão Mateus apresenta a proclamação da bem-aventurança dos olhos que vêm e dos ouvidos que ouvem. É um abrangente convite de Jesus que veio para conquistar todos pelo amor, sem exclusões.

COMPARTILHANDO EXPERIÊNCIAS

A história do jovem ambicioso


Um jovem ambicioso foi admitido por uma empresa. Como tinha múltiplas habilidades, ele decidiu descobrir qual era o setor que lhe daria melhores condições para construir uma carreira mais rapidamente. E fez esta pergunta ao gerente financeiro. "Finanças, evidentemente", respondeu o gerente, "porque, no fim das contas, uma empresa existe para gerar e administrar dinheiro".
Em seguida, o jovem perguntou ao gerente de vendas, qual era o setor mais importante. "Vendas, é claro", respondeu o gerente, "porque só ela traz recursos para dentro da empresa". O jovem anotou a resposta e foi falar com o gerente de recursos humanos. E ele respondeu que uma empresa se sustenta sobre o talento e a motivação das pessoas, e portanto, recursos humanos era o setor mais importante.

Mas o gerente de informática tinha outra visão, e explicou ao jovem que a tecnologia está cada vez mais substituindo as pessoas, com vantagens. "Muito em breve, sem dúvida, as empresas serão controladas por profissionais de informática".

Já o gerente de marketing explicou que maketing cria o desejo de compra, e por isso é disparado o setor mais importante. O gerente de desenvolvimento esclareceu que seu setor era mais importante porque novos produtos são o oxigênio da empresa.

Ao final de 30 dias, o jovem chegou a conclusão de que havia 15 setores na empresa, e todos eles eram os mais importantes. Até que finalmente, o jovem teve a oportunidade de conversar com o presidente da empresa, que tinha apenas 34 anos. E o jovem perguntou como o presidente havia descoberto tão rapidamente a melhor direção a seguir. E o presidente respondeu: "Quando eu tinha a sua idade, eu rezava".

Impressionado, o jovem perguntou: "Então, uma carreira bem sucedida é uma questão de fé"? "Não", disse o presidente. "Eu rezava para que os jovens ambiciosos que concorriam comigo continuassem a fazer perguntas, enquanto eu me dedicava a fazer o meu trabalho."

Max Gehringer - Comentarista da CBN

PROSA E POESIA


É possível ser feliz num mundo infeliz?

Não podemos calar a pergunta: como ser feliz num mundo infeliz? Mais da metade da população mundial é sofredora, vivendo abaixo do nível da pobreza. Há terremotos, tsunamis, furacões, inundações e secas.

No Brasil apenas 5 mil famílias detém 46% da riqueza nacional. No mundo 1125 bilionários individuais possuem riqueza igual ou superior à riqueza do conjunto de paises onde vivem 59% da humanidade. O aquecimento global evocou o fantasma de graves ameaças à estabilidade do planeta e ao futuro da humanidade. Diante deste quadro, é possível ser feliz? Só podemos ser felizes junto com outros.

Importa reconhecer que estas contradições não invalidam a busca da felicidade. Ela é permanente embora pouco encontrada. Isso nos obriga a fazer um discurso critico e não ingênuo sobre as chances de felicidade possível.

Na reflexão anterior sobre o mesmo tema, enfatizamos o fato de que a felicidade sustentável é somente aquela que nasce do caráter relacional do ser humano. Em seguida, é aquela que aprende a buscar a justa medida nas contradições da condição humana. Feliz é quem consegue acolher a vida assim como ela é, escrevendo certo por linhas tortas. Aprofundando a questão, cabe agora refletir sobre o que significa ser feliz e estar feliz. Foi Pedro Demo, a meu ver, uma das cabeças mais bem arrumadas da inteligência brasileira, que entre nós melhor estudou a "Dialética da Felicidade" (3 tomos, 2001). Ele distingue dois tempos da felicidade e nisso o acompanhamos: o tempo vertical e o tempo horizontal. O vertical é o momento intenso, extático e profundamente realizador: o primeiro encontro amoroso, ter passado num concurso difícil, o nascimento do primeiro filho. A pessoa está feliz. É um momento que incide, muito realizador, mas passageiro.

E há o momento horizontal: é o que se estende no dia a dia, como a rotina com suas limitações. Manejar sabiamente os limites, saber negociar com as contradições, tirar o melhor de cada situação: isso faz a pessoa ser feliz.

Talvez o casamento nos sirva de ilustração. Tudo começa com o enamoramento, a paixão e a idealização do amor eterno, o que leva a querer viver junto. É a experiência de estar feliz. Mas, com o passar do tempo, o amor intenso dá lugar à rotina e à reprodução de um mesmo tipo de relações com seu desgaste natural. Diante desta situação, normal numa relação a dois, deve-se aprender a dialogar, a tolerar, a renunciar e a cultivar a ternura sem a qual o amor se extenua até virar indiferença. É aqui que a pessoa pode ser feliz ou infeliz.

Para ser feliz na extensão temporal, precisa de invenção e de sabedoria prática. Invenção é a capacidade de romper a rotina: visitar um amigo, ir ao teatro, inventar um programa. Sabedoria prática é saber desproblematizar as questões, acolher os limites com leveza, saber rimar dor com amor. Se não fizer isso, vai ser infeliz pela vida afora.

Estar feliz é um momento. Ser feliz é a um estado prolongado. Este se prolonga porque sempre é recriado e alimentado. Alguém pode estar feliz sendo infeliz. Quer dizer, tem um momento intenso de felicidade (momento) como o reencontro com um irmão que escapou da morte. Como pode ser feliz (estado) sem estar feliz (momento), quer dizer, sem que algo lhe aconteça de arrebatador.

A felicidade participa de nossa incompletude. Nunca é plena e completa. Faço minha a brilhante metáfora de Pedro Demo: "a felicidade participa da lógica da flor: não há como separar sua beleza, de sua fragilidade e de seu fenecimento".

Leonardo Boff - Teólogo

EVANGELHO DO DIA

Ano A - Dia: 23/07/2008



O semeador

Mt 13,1-9

Naquele mesmo dia Jesus saiu de casa, foi para a beira do lago da Galiléia, sentou-se ali e começou a ensinar. A multidão que se ajuntou em volta dele era tão grande, que ele entrou num barco e sentou-se; e o povo ficou em pé na praia. Jesus usou parábolas para ensinar muitas coisas. Ele disse:
- Escutem! Certo homem saiu para semear. Quando estava espalhando as sementes, algumas caíram na beira do caminho, e os passarinhos comeram tudo. Outra parte das sementes caiu num lugar onde havia muitas pedras e pouca terra. As sementes brotaram logo porque a terra não era funda. Mas, quando o sol apareceu, queimou as plantas, e elas secaram porque não tinham raízes. Outras sementes caíram no meio de espinhos, que cresceram e sufocaram as plantas. Mas as sementes que caíram em terra boa produziram na base de cem, de sessenta e de trinta grãos por um.
E Jesus terminou, dizendo:
- Se vocês têm ouvidos para ouvir, então ouçam.

Comentário do Evangelho

A parábola do semeador

Esta parábola do semeador é a primeira de um conjunto de sete parábolas reunidas por Mateus. Ela é tida como originária do próprio Jesus, enquanto que a explicação que a segue (cf. 24 jul.) parece ser elaboração tardia das comunidades. Na parábola, o semeador e a semente são os mesmos. O destaque está na diversidade dos terrenos. São as pessoas e a maneira como recebem a palavra de Deus. A parábola mantém viva a memória de Jesus, o semeador, e sua palavra, a semente, como a fonte vital do compromisso e da perseverança no Reino de Deus. E apresenta o panorama da comunidade, na sua diversidade e em seus problemas, conforme as várias maneiras com que seus membros recebem a palavra de Jesus.
O fundamental é o acolhimento da palavra, concretizando-a na prática, produzindo frutos de amor, de misericórdia, e de justiça, conforme a vontade do Pai.

IMAGEM É TUDO !

Giginha flagrada no exato instante em que tomava conhecimento, um ano depois, da triste notícia do falecimento do grande Sivuca.
João Pessoa/PB em frente a Igreja que celebrava a missa em memória do grande artista brasileiro

ANO PAULINO

MISSÃO DE “POPULARIZAR” SÃO PAULO?

Na história da Igreja existirem grandes santos que não chegaram a ser “populares”, quer dizer, não entraram no imaginário coletivo dos cristãos com a magnitude que alguém pensaria. É o caso de São Paulo. Quando se fala do apóstolo “secamente”, se entende o apóstolo Paulo. Sua conversão, sua ação evangelizadora no extenso império romano, suas cartas que atravessaram os séculos, são testemunho claríssimo de sua indubitável grandeza. Desde há dois mil anos, as gerações cristãs alimentaram sua fé nos escritos do apóstolo, as grandes reformas da Igreja os tiveram como referências privilegiadas, igualmente o próprio magistério e a teologia.

Apesar de tudo isso, sua presença “popular” não foi muito grande, embora, em alguns casos, muito significativa. Basta ver a aventura paulina na história da Igreja.

São João Crisóstomo, já no século IV, chamava a atenção que muitos cristãos, não só não liam Paulo, como também nem sequer sabiam quantas cartas havia escrito.

Aspectos mais positivos, porém, apareceram na história. Em plena revolta protestante, e enquanto os reformadores fazem de Paulo uma bandeira de protesto contra a Igreja de Roma, Santo Antônio Maria Zacaria (1502-1541) funda os “Clérigos Regulares de São Paulo”, com a finalidade de imitar o apóstolo em sua missão evangelizadora, exigida pelos tempos, e impulsionar uma renovação da Igreja de seu tempo. Em 1696 e 1699, nascem em Chartres (França), duas congregações de “Filhas de São Paulo” que, com o patrocínio do apóstolo, se dedicavam a obras de caridade em escolas e hospitais. Sempre na França, nos encontramos com as “Damas de Saint-Paul”(1825), também dedicadas à educação cristã das jovens. E não faltou um “Instituto Cegas de São Paulo” (1852), formado por mulheres cegas e não-cegas, para ajudar as pessoas cegas, fazendo realidade as palavras de Paulo: “Agoras somos luz em Cristo”. São Vicente Pallotti (1795-1850), em seu tempo, foi capelão diretor de uma “Sociedade de São Paulo”, dedicada à instrução cristã dos soldados. Mais tarde, inspirado em São Paulo, dá vida à “Sociedade do Apostolado Católico”. Em 1896, encontramos na Alemanha, as “Irmãs de São Paulo”, uma congregação religiosa dedicada ao serviço dos enfermos e dos pobres.

Contudo, foi preciso esperar a metade do século XIX para que se comece a pensar no apóstolo Paulo em termos mais atualizados. A isso contribuiu sem dúvida, Mons. Wilhelm Ketteler, bispo de Manguncia (Alemanha), apóstolo da imprensa católica (1856, funda “Der Katholik”) e pioneiro da questão operária (1864). É sua a frase: “Se São Paulo vivesse hoje, seria jornalista”, tornando-se ela um símbolo e uma fonte de inspiração para os homens da imprensa católica.

Desde então, jornalistas, grupos e até fundadores começam a olhar Paulo como o comunicador ideal da mensagem evangélica, realizada com os meios e os métodos modernos de comunicação: em 1858, nos Estados Unidos, Pe. Issac Thomas Hecker, com os “Sacerdotes Missionários de São Paulo”; em 1873, na Suíça, Côn. Joseph Schorderet, com a “Obra de São Paulo; em 1875, na Itália, surge a “Sociedade de São Paulo”; em 1895, na China, surge o “Instituto Irmãos de São Paulo”; em 1903, no Líbano, aparecem os “Missionários de São Paulo”; no início de séc. XX, os Assuncionistas do Pe. D’Alzon (França) fundam o “Barco de São Paulo” para levar material impresso para a instrução cristã dos moradores das ilhas entre França e Inglaterra.

Um passo decisivo e bem atualizado acerca de São Paulo em nosso tempo, estava reservado a duas instituições que nascem quase ao mesmo tempo e com atividades bem parecidas: a “Sociedade de São Paulo” do Pe. Tiago Alberione, em 1914, e a “Companhia de São Paulo”, conhecida também como “Obra Cardeal Ferrari”, em 1921. A última composta em sua maioria por leigos. Já o Pe. Tiago Alberione (1884-1971), com o mérito de ter assumido São Paulo de forma integral, converte a “Sociedade de São Paulo” em uma verdadeira “Família Paulina”, formada por sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos, com vários ramos, chamados a reproduzir uma determinada faceta do Apóstolo: Paulo - missionário com os meios de comunicação, homem de oração, fundador e animador de comunidades, promotor de vocações, incentivador da humanização das realidades temporais.

Como se pode ver, não são muitos os institutos titulados ao apóstolo São Paulo, porém constituíram-se, através do tempo, fundações e movimentos com traços cada vez mais especificamente “paulinos”, aos poucos aguçando a sua originalidade missionária: ir aos que estão longe, com todos os meios ao seu alcance para comunicar-lhes Cristo, o único Salvador.

Contudo, diante de tanta grandeza, fica a questão inicial: Conseguiram todos estes intentos “popularizar” a figura de São Paulo, fazê-la penetrar massivamente no povo cristão? Talvez ainda não.

O Ano Paulino, convocado pelo Papa Bento XVI, certamente tem a missão de “popularizar” mais o grande apóstolo Paulo. É a nossa grande esperança!


Dom Jacinto Bergmann - Bispo de Tubarão-SC