quarta-feira, 5 de novembro de 2008

LITURGIA


Uma das mais dúvidas mais comuns refere-se ao que rezar durante a apresentação da hóstia consagrada e do cálice após a narrativa da instituição eucarística.


Quero, em primeiro lugar, esclarecer que não sou dono da Liturgia, essa é um dom preciosismo do Espírito Santo à Igreja de Cristo.


Na oração eucarística toda intervenção espontânea, devocional é inoportuna e proibida. A Igreja é muito ciosa dela. Há algumas intervenções da assembléia que são previstas, em especial, uma das mais importantes é aquela logo após a narrativa da instituição. Nesse caso temos três intervenções com as fórmulas previstas.


Não convêm introduzir na Santa Missa, mormente na oração eucarística, elementos devocionais, mesmo os relacionados à eucaristia. Importa estarmos ouvindo atentamente, com o coração, o memorial, a recordação de todos os benefícios divinos a toda humanidade e a seu Povo Santo. É a história da Salvação, é o Testamento da Aliança que é narrado, e há de ser ouvido com todo cuidado, para que não se perca uma única palavra.


Este não é o momento de se rezar jaculatórias com a assembléia, introduzir devoções pessoais, é Cristo e sua esposa, a Igreja, seu Corpo, que se dirige ao Pai de infinita bondade. No instante da apresentação do Corpo do Senhor e do Cálice com o seu Preciosismo Sangue o que fazer?


Será importante participar, olhando, tudo o que se passa no altar. É o Mistério Pascal que estamos celebrando na força da fé, pela atuação do Espírito Santo sobre as oblatas, somos chamados a fazer a experiência fundante de nossa Vida Cristã: 1- Somos levados, misteriosamente, aos pés da Cruz de nosso Redentor para contemplar o Traspassado, que “elevado da terra”, nos atraiu a Si e, com o coração agradecido, reconhecemos o Infinito Amor do Pai que nos deu seu Filho Único; 2- Somos transportados até o sepulcro vazio e encontrando o Ressuscitado, temos a certeza de que o amor venceu a morte; 3- Celebramos o Mistério Pascal para, imbuídos de sua força, reproduzir em nossa vida, a vida do Senhor, viver na fraternidade, aprender que Missa é Missão e, Eucaristia, Fração do Pão, Comunhão.


Penso ser oportuno apresentar um pequeno texto de Jesús Castellano na sua obra Liturgia e Vida Espiritual: “Contemplar a Eucaristia não é fixar o olhar no pão e no cálice, mas também se deixar maravilhar pela fragilidade dos sinais e pela plenitude da realidade salvífica que contém, ouvindo, concentrados na Eucaristia, todas as palavras da revelação que dão sentido a esse mistério do pão partido e do vinho derramado no cálice, mistério pascal do corpo e sangue gloriosos do Senhor, no qual toda a história da salvação se concentra e se oferece, como toda se concentra e se oferece em Cristo crucificado e ressuscitado que nele próprio torna-se presente.


Mas, diante de tanta beleza celebrada, que fórmula vou rezar? – Na apresentação da Hóstia consagrada nenhuma. A profunda admiração deixa-nos boquiabertos e, o silêncio torna-se adoração. Após a consagração, sim, a Igreja convida a assembléia a se manifestar mediante uma aclamação do Mistério da Fé. Aqui convêm recordar o que foi escrito no Guia Litúrgico – Pastoral, editado pela CNBB: “Ao menos nos domingos e nos dias festivos, cante-se em tom de exaltação a aclamação memorial. Esta aclamação nunca pode ser substituída ou seguida por cantos e expressões devocionais (“Bendito, louvado seja”; “Deus está aqui”; “Eu te adoro, hóstia divina”; “Graças e louvores se dêem a todo momento” etc.).


Dom Paulo Francisco Machado

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