sexta-feira, 10 de abril de 2009

Sexta-feira, dia de ressurreição.


Os cristãos celebram a ressurreição no domingo de páscoa, uma só vez ao ano.
No Brasil, curiosamente, a ressurreição acontece todas as sextas-feiras. É a hora em que peões e operários terminam o trabalho estafante da semana. Ai se reúnem alegremente em grupos nos botequins e nos restaurantes populares para tomar a sua cerveja.

Tudo é sorriso e amabilidade. A faladeira é grande. Nas mesas as garrafas de cerveja se sucedem. E come-se coisa barata mas gostosa: asas de frango com farofa e molho à campanha; churrasquinho de carne com fritas. E no fim de tudo meio copo de cachaça. E a saideira demora de acontecer. São várias porque sempre há alguém que paga mais uma rodada.

Os rostos se transfiguram. Percebe-se pelos corpos gastos, pelas caras cansadas e pelas roupas surradas que são pessoas exploradas. Foram submetidas durante toda uma semana à dura faina da humilhante produção capitalista. Esta não valoriza a criatividade do trabalhador. O capitalismo não ama a pessoa, apenas sua força de trabalho, seus músculos, sua cabeça, sua habilidade e especialmente sua produtividade.

Mas a sexta-feira é o dia em que a vida dá o troco. Acontece a ressurreição...

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Leonardo Boff

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