Final de noite de domingo. Cheguei a pouco do trabalho. Chove e faz frio. Mas estou sem camisa porque gosto de sentir o frio na pele. Eu, simplesmente, amo a chuva. Gosto demais do clima que ela produz e das lembranças que me traz. Lembro-me, entre outras coisas, da minha época de menino quando eu jogava vôlei improvisado no meio da rua com alguns colegas. Era uma sensação de liberdade embalada pela juventude. Muitas vezes era debaixo de chuva que a gente brincava e se divertia bastante. Tempo bom que ficou para trás, mas que nunca será esquecido por mim.
Hoje, sou um adulto com muitas lembranças de uma época que marcou a minha vida. Há dias em que tenho saudades do meu tempo de adolescente. E se pudesse voltaria ao passado só pra reviver momentos bons que nunca saíram da minha mente.
Eu sempre fui uma pessoa quieta mesmo gostando e, muito, de ser amigo dos outros. É que ser amigo sempre me fez bem. E naquela época era um encanto. Não tinha tantas preocupações nem tantas responsabilidades. Vivia pra brincar e estudar. Morava com meu irmão porque a minha mãe não me queria ver sendo mais um analfabeto se continuasse morando no interior onde nasci. Ela preferiu que eu ficasse longe dela sabendo ler e escrever a ficar perto e não saber de nada.
Como a minha mãe era uma senhora maravilhosa! Que saudades eu tenho dela. Preocupava-se comigo a todo instante. Eu aqui em Natal e ela em São Miguel do Gosto. Sabia que eu gostava muito de peixe e por isso toda semana mandava peixe pra mim pelo ônibus que fazia a linha São Miguel – Natal. Como era bom!
Mas tudo na vida passa. Minha mãe se foi em pleno Dia das mães de um ano que eu não quero lembrar. Ela me amava com tanto carinho, com tanto amor, com tanta sinceridade que eu chegava a me admirar com a ternura do seu sentimento. Era uma pessoa super sensível que chorava vendo uma cena de drama em uma novela e ao saber da doença de qualquer pessoa. Tinha carisma em seu jeito simples, em sua voz melancólica... Amava com o coração. Sinto muita falta dela.
Sei mãe, que o seu corpo se foi, mas a sua imagem e a sua presença espiritual vivem comigo, com a minha irmã, meu irmão, sobrinhos e com o meu pai. Todos sentem a sua falta.
O papai ta bem velhinho. Já não tem a mesma saúde de quando a senha era viva. Ele continua com a mesma simpatia daquele tempo, lembra? E aqueles olhos azuis se enchem de lágrimas quando a gente toca em seu nome. Depois que a senhora se foi ele se tornou uma pessoa um pouco mais triste. Mas não vive se entregando. Sempre deixa claro que a sua presença faz uma falta grande demais. Mas não se preocupe, Nenêm , tem cuidado dele com muito carinho. Ela é outra pessoa batalhadora pela vida. Mesmo com seus problemas nunca abandonou papai. Tá sempre ali pertinho, preocupada e ajudando...
Quanto a mim, já tem um tempo que me separei. E Deus me deu um presente, que gostaria muito de ter tido a oportunidade de ter lhe mostrado. Queria que a senhora tivesse conhecido o meu filhinho. O meu Huguinho - Desculpa mãe, eu to chorando muito agora - Mas é que eu queria muito que a senhora tivesse visto o melhor presente que ganhei de Deus. Ele não mora comigo, mas estou sempre falando com ele por telefone. Eu sinto por ele o mesmo amor que a senhora sentiu por mim. E quando estou perto dele eu o abraço muito, eu o beijo muito, eu digo que o amo demais e lembro-me de como à senhora me tratava. Ontem eu fui vê-lo e ele me pediu pra eu comprar uma caixinha de chumbinhos... Eu comprei. Ele me abraçou tanto e ficou tão feliz.
João do Amor
Nenhum comentário:
Postar um comentário