Deste cataclisma midiático que é a morte do famoso cantor americano, transcrevemos uma reflexão a partir da relação do cantor com o seu pai. Um bom texto que valoriza a importância da família e do papel dos pais.
OLHANDO A CRIANÇA MICHAEL JACKSON
O acontecimento mais notável da semana: a morte de Michael Jackson.
A trágica vida do astro é o exemplo insuperável das consequências profundas de uma relação pai-filho degenerada.
Michael Jackson, durante toda a vida, lutou (de modo caótico, é evidente) contra o fantasma aterrorizante do pai. Esse homem de quem Michael, na infância, esperava proteção e afeto, mas que só lhe causou horror, medo e violência, foi uma sombra negra constante e determinante em sua vida.
Até mesmo a transformação física do cantor foi muito menos uma questão racial com implicações políticas (interpretação banal da maioria) do que uma profunda rejeição à figura paterna e a tudo que ele representava. A bizarra metamorfose foi fruto da imensa ojeriza que Michael Jackson sentia diante da possibilidade de se identificar ao pai. O problema não era uma rejeição à própria cor, mas uma rejeição absoluta, integral ao pai. Se o pai fosse louro, a transformação de Michael Jackson provavelmente teria sido inversa.
O evento da morte de Michael Jackson pode servir de gancho para que as pessoas façam uma reflexão mais profunda sobre a relação pais-filhos e sobre as relações adultos-criança de maneira geral. Que as pessoas entendam de que os adultos - epitomizados por pai e mãe - devem antes de tudo PROTEGER as crianças. E protegê-las não diz respeito apenas ao aspecto material, mas fundamentalmente ao aspecto afetivo, psicológico e moral.
A grande assimetria existencial entre adultos e criança traz embutido um imperativo, ao qual precisamos estar sempre atentos e com o qual devemos nos orientar: a proteção. Por isso, usar as crianças para sua própria satisfação (seja ela material, psicológica, egóica, erótica, ou qualquer outra) é uma covardia indesculpável.
Qualquer pessoa (pais e mães inclusos) incapaz de manifestar generosidade em relação às crianças ou que se relacione com elas primordialmente usando-as em benefício próprio, não têm a mínima moral para exigir um mundo melhor.
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