Ontem de madrugada quando vinha do trabalho para casa me mantive calado por muito tempo enquanto passava pelas ruas iluminadas e ao mesmo tempo solitárias de alguns bairros aqui de Natal. Elas estavam solitárias como eu. Ruas que durante o dia o tráfego de carros é imenso. As pessoas vão e vem o tempo todo na correria do dia-a-dia. Mas na madrugada, nem sempre tem tantos carros e muita gente. É bem diferente.
Quando passei pela ponte Nilton Navarro, lembrei que em outra madrugada eu parei ali e tirei algumas fotos. Olhei e contemplei a beleza que as estrelas, as luzes e a escuridão causam naquele lugar. É algo pra você contemplar e agradecer a Deus tudo na sua vida.
Mas ontem não tive vontade passar um tempinho ali. Em minha cabeça vários pensamentos invadiam o meu cérebro. Lembrei do meu casamento, do que nós construímos, da nossa alegria e de como eu vivo hoje. Bateu uma tristeza. Deu vontade gritar e explodir. É que tem coisas que a gente não entende. Tem missões que parece que a gente não tem capacidade de cumpri-las. Embora elas tenham vindo para nós porque Deus acreditou que somos capazes de executá-las.
Então, com esses pensamentos em mente, fiz silêncio até chegar em casa. Aqui, liguei o computador e tentei escrever. Queria jogar palavras fora. Mas, palavras não foram feitas para serem jogadas fora. Elas existem para serem ouvidas por outras pessoas. Principalmente por gente que as valorizem. Mas eu não tinha com quem falar nessa madrugada passada. Não tinha para quem ligar, não tinha a quem chamar e no fundo não queria incomodar ninguém com o aperto que eu estava sentindo em meu coração. Às vezes você precisa dos outros, mas, nem sempre os outros, mesmo que digam, somos teus amigos, estão dispostos a te ouvir no exato momento da tua dor.
Eu, não. Eu sou aquela pessoa que estou sempre na expectativa de escutar quem estiver a fim de falar comigo. Não interessa a hora. O meu telefone é ligado 24 horas por dia. Nunca vou atender alguém mal humorado. Nunca. Por isso eu me acho amigo das pessoas. Mas quando preciso de alguém, eu mesmo, me recuso a procurar no instante em que a minha ferida começa a doer. Não sei o que a pessoa deve está fazendo. Imagino logo que, talvez, o meu pedido de socorro não seja bem-vindo. Então me calo e engulo a minha dor. Portanto, as pessoas não são culpadas por eu não tê-las quando preciso. Eu é que não tenho coragem de deixá-las tomar conhecimento quando aflora em mim a minha crise de solidão.
Mas um dia eu tive alguém que não se incomodava com os meus gritos de dor no absurdo silêncio das madrugadas. Eu ligava e dizia: “Estou precisando que ouças a minha voz. Apenas que ouças a minha voz”. Do outra lada da linha a mudez permanecia e do lado de cá, apenas eu falava. Quando terminava, agradecia e desligava. Segundos depois o telefone tocava: - Eu adoro você. Sei que agora você está bem. Durma com os anjos e sonhe comigo. Estarei sempre do teu lado.
João do Amor
Um comentário:
qe lindo joão do amor, suas palavras as vezes penso eu qe são feitas para mim, venho aqui só para ver suas postagens. obrigado!
Késia Bispo :*
Postar um comentário