sábado, 26 de junho de 2010

Ganhar e perder

Ninguém gosta de perder nada. Ao contrário, nosso impulso instintivo corre na direção da conquista de algo bom. Mas, dependendo da natureza do bem buscado, podemos nos enganar e perder todo o esforço quando erramos o alvo. Se, por exemplo, lutamos para conquistar um prêmio e este for uma quimera ou ilusão, percebemos que não valeu a pena tanto sacrifício e esforço nessa direção. Ao invés de obtermos algo de grande valor, como o de um valioso diamante, percebemos que era apenas um material de vidro lapidado. A decepção é grande! Quantos erros de enfoque estamos sujeitos a cometer, muitas vezes levados pela propaganda enganosa!
Jesus, o Filho de Deus, nos dá verdadeira lição de busca do verdadeiro tesouro. Alcançá-lo exige renúncia, sacrifício, exercício ou contínuo treinamento, boa escolha, remar contra a correnteza dos instintos, da propaganda, espírito crítico adequado, avaliação... Nossos sentidos são continuamente aguçados, provocando apetite para termos atitudes e optarmos por aquilo que é mais cômodo e traz prazer ou bem estar sensível imediato, nem sempre coerente com a busca de valores mais consistentes da vida. Continuamente a mídia nos oferece estímulo para comprarmos ou buscarmos o que é mais atraente no momento. Se não soubermos discernir ou avaliar o que nos oferecem e agradam nossos instintos, podemos não acertar com a boa escolha. Por outro lado, o condicionamento de nossa mente para realizarmos determinadas ações ou planejamento de conduta depende muito de como o aprendemos desde a infância ou influências posteriores.
Os exemplos, bons ou maus que nos cercam, podem influenciar nossas opções. Normalmente temos a tendência ao mais cômodo. Se isso for reforçado continuamente em nós, podemos formar a personalidade com o endereçamento à prática dessa tendência.
Muito bem sabendo da busca do comodismo humano, Jesus nos desafia para andarmos pelo caminho do esforço consequente com a boa escolha do ideal, imitando-O: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará” (Lucas 9, 23-24). É justamente a base da sustentação do amor. Dar-se em bem do outro exige renúncia do comodismo. Não se trata de buscar o sofrimento pelo sofrimento e sim o esforço, mesmo com o sofrimento, para se conquistar um bem maior. Afinal, até num bom esporte a pessoa deve passar por um esforço e exercício para conquistar o objetivo do mesmo. Assim, para se conquistar o prêmio absoluto da vida, precisamos ordenar nosso esforço na direção da vida do sentido apresentado por Deus. Caso contrário, nossa vida se torna insípida e sem sentido. Só acumular para si tesouro, vantagens egoístas, prazeres passageiros e títulos, sem compromisso de vida no amor e construção de convivência justa, fraterna e solidária, não nos eleva à dignidade de grandeza de alma. A vida de amor a Deus nos faz sacrificar pelo bem do semelhante, com o ideal de servir. Utilizamos, assim, os dons recebidos de Deus para beneficiarmos a sociedade.

Dom José Alberto Moura



Um comentário:

conceição disse...

sabias palavras!