Famoso por grandes obras e que tem como livro mais recente “Os Viúvos”, o escritor Mário Prata é direto na fala e nas críticas ao falar do universo literário brasileiro. Lamenta os modismos e mais ainda a fase dos “vampiros” que são consumidos pelos leitores brasileiros. A que o senhor credita essa grande venda dos livros sobre vampiros? “Burrice. Burrice, não tem quem informe ao jovem o que ele vai ler. Os pais não leem mais”, responde Mário Prata.
Mário Prata não poupa críticas aos livros de “vampiro” e mais ainda aos padres que enveredam pelo universo da escrita. O escritor usa para as obras feitas por sacerdotes o mesmo termo dos livros de vampiro “burrice”. “Não precisa nem ler (livro escrito por padre) basta ver o título, é um título para vender, para enrolar. Não quero falar especificamente desse padre (Fábio de Melo), são todos eles”, destacou Mário Prata.
Livro de padre é feito para enrolar
Por Anna Ruth Dantas - Tribuna do Norte
Famoso por grandes obras e que tem como livro mais recente “Os Viúvos”, o escritor Mário Prata é direto na fala e nas críticas ao falar do universo literário brasileiro. Lamenta os modismos e mais ainda a fase dos “vampiros” que são consumidos pelos leitores brasileiros. A que o senhor credita essa grande venda dos livros sobre vampiros? “Burrice. Burrice, não tem quem informe ao jovem o que ele vai ler. Os pais não leem mais”, responde Mário Prata, de pronto. O escritor esteve semana passada em Natal participando do 4º Seminário Potiguar Prazer em Ler. O cenário literário brasileiro traçado por Mário Prata não é dos mais animadores. Ele estima que menos de 300 mil brasileiros lêem e, pior, ainda têm entre obras lidas livros pouco produtivos. “Um livro quando é lançado se na primeira semana ele vende 5 mil exemplares ele entra na lista dos mais vendidos. Isso é baixo. O Uruguai lê mais que o Brasil, Argentina nem se fala”, comenta o escritor.
Mário Prata não poupa críticas aos livros de “vampiro” e mais ainda aos padres que enveredam pelo universo da escrita. O escritor usa para as obras feitas por sacerdotes o mesmo termo dos livros de vampiro “burrice”. “Não precisa nem ler (livro escrito por padre) basta ver o título, é um título para vender, para enrolar. Não quero falar especificamente desse padre (Fábio de Melo), são todos eles”, destacou Mário Prata.
O convidado de hoje do 3 por 4 é um famoso escritor, fala com mansidão, calma, mas traz palavras pesadas, críticas contundentes e expressa toda empolgação na escrita de livros policiais.
Mário Prata não poupa críticas aos livros de “vampiro” e mais ainda aos padres que enveredam pelo universo da escrita. O escritor usa para as obras feitas por sacerdotes o mesmo termo dos livros de vampiro “burrice”. “Não precisa nem ler (livro escrito por padre) basta ver o título, é um título para vender, para enrolar. Não quero falar especificamente desse padre (Fábio de Melo), são todos eles”, destacou Mário Prata.
O convidado de hoje do 3 por 4 é um famoso escritor, fala com mansidão, calma, mas traz palavras pesadas, críticas contundentes e expressa toda empolgação na escrita de livros policiais.
O senhor chegou a dizer que foi educado para gerente de banco. Qual a relação de gerente de banco com escritor?
Acho que é uma pergunta que depõe um pouco contra os bancários porque é como se os bancários não lessem. Tem um preconceito nela (na pergunta). O que quis dizer é que não sei se existe uma indicação para pessoa ser escritora. Vejo um exemplo, meu filho é escritor, mas a gente não o educou para ser escritor. Ele foi ser escritor porque o pai é, a mãe é, o padrasto é, ele viveu em um meio de escritores. Ele deve ter tropeçado muito em livros em casa. Mas ele não foi educado para isso. Talvez a coisa de que fui criado para ser gerente do Banco do Brasil é que na minha época um jovem tinha opções Medicina, Direito ou gerente do Banco do Brasil. Como era um péssimo aluno, não entraria na faculdade, meu destino foi o Banco do Brasil. Essa pergunta é esquisita, fico encabulado com ela. Mas o importante é que ninguém poderia imaginar e muito menos eu que pudesse vir a ser escritor.
Ser escritor no Brasil hoje é tarefa árdua em um país que ainda tem milhares de analfabetos e ainda tem alfabetizados que não leem?
99,9% dos brasileiros não lêem. Para você ter uma idéia estimo em 300 mil leitores no Brasil em uma população de 200 milhões. Veja que é mais de 99% que não lê. Falar em números, um livro quando é lançado se na primeira semana ele vende 5 mil exemplares ele entra na lista dos mais vendidos. Isso é baixo. O Uruguai lê mais que o Brasil, Argentina nem se fala. Estive na Argentina agora há dez dias, sento no metrô e está todo mundo lendo livro. O nível de leitura do Brasil se aproxima com países mais desenvolvidos da África. É um negócio muito absurdo. E pior disso tudo é que de um tempo para cá, de uns 15 anos para cá, não sei o que houve é que a leitura virou modismo. A moda hoje é vampiro. Só tem livro de vampiro, você entra na livraria e nas primeiras prateleiras são todos livros roxos. Tem um livro Crepúsculo que começou a vender muito, aí um cara publica Opúsculo e assim vai. Como houve uma época há uns quatro anos veio uma onda com o garoto que caçava pipa veio uma série de livros de Irã e Iraque, ali da região do Oriente Médio. O garoto da pipa era até bom, mas muita merda. Então vira uma moda, é um fenômeno incrível. Acompanhei muito de perto a lista dos mais vendidos porque saiu um livro meu “Os Viúvos”, que está vendendo bem. Recebo a lista dos 20 mais vendidos das grandes livrarias, nesses quatro meses nunca um brasileiro esteve entre os 15 primeiros. O máximo que aconteceu fui eu com Os Viúvos, o Veríssimo com Os Espiões e o cara da Cabana, o Augusto Cury, que ficávamos ali entre o 15º e 20º. Há quatro anos o “Purgatório” meu vendeu menos que “Os Viúvos” e chegou ao quarto lugar. Então é estranho esse fenômeno. É impressionante o que vende os livros roxos.
A que o senhor credita essa grande venda dos livros sobre vampiros?
Burrice. Burrice, não tem quem informe ao jovem o que ele vai ler. Os pais não lêem mais. O principal problema aí é o vestibular. Desde que começaram a exigir que os garotos nessa idade de 16 a 18 anos, que é a idade que poderiam gostar de ler, obrigaram a ler, tudo que é obrigado é ruim. É ruim ler livro de Química, de Física, de Biologia. Os garotos de 16 a 18 anos estão lendo por obrigação livros da língua Portuguesa chatíssimos, são obras primas, mas não é por ali que você pega o leitor. Não é com Machado de Assim, com Eça que você vai prender o leitor.
Para um escritor como o senhor que vende muito em um país de poucos leitores, ver os livros de “vampiro” entre os mais vendidos lhe desestimula?
Para escrever não. Eu adoro escrever e como você mesmo disse eu vendo legal, mas ainda não consigo viver só de livro. A gente tem que escrever crônica para jornal, tem que fazer palestra, tem que fazer roteiro de cinema, peça de teatro, alguma coisa para televisão. Dá para se viver do ofício de escritor, mas não de livro, nem vendendo muito, a não ser que seja um picareta. Para você fazer um trabalho honesto, digno com você mesmo e com respeito ao leitor só livro não dá.
Qual o olhar de Mário Prata para a linha de autoajuda?
Acho uma grande picaretagem esses livros de autoajuda. Muita picaretagem, principalmente quando entra padre no meio. Deveria ser pecado na religião dele.
O senhor se refere ao padre Fábio de Melo?
É. Não precisa nem ler basta ver o título, é um título para vender, para enrolar. Não quero falar especificamente desse padre, são todos eles. Um dia uma produtora de cinema me ofereceu uma grana desgraçada para fazer um roteiro do cinema baseado em um título desses elementos, teria que ser aquele título porque tinha vendido 2,5 milhões de livros. Fui ler o livro, talvez tenha sido o primeiro livro de auto-ajuda que li seriamente, e o que ele (o autor do livro) prega ali é tudo que sou contra. Ele acha que a meta do casal feliz é ter um apartamento, casa no campo, e dar um carro para cada filho quando entrar na faculdade. Ele escreve um livro ensinando as pessoas a atingirem essa meta. A meta é de merda. Não é casa no campo, um carro para o filho que vai resolver o problema da família e nem do país. O buraco está no outro lugar. E 2,5 milhões de pessoas lêem um livro de um babaca desse. Deveria ser preso. Esses 2,5 milhões que lêem um livro de um cara desse acha que livro é aquilo e vai resolver a vida dele. Mas ele não vai, e não vai ter casa em campo, porque isso é até sonho americano, não é sonho brasileiro. Isso é coisa de veado.
Por que o brasileiro não gosta de ler?
Porque não sabe o que é ler. Ninguém falou para ele o que é ler. Ele não tem noção do que é um livro. Ele não tropeçou em casa em livro. Livro não é hábito da casa dele. Os casais com 60 anos para baixo não tem livro em casa, não tem biblioteca em casa. Eu, por sorte, nasci em uma casa, meus amigos todos no interior, todo mundo lia. Tinha o clube do livro, recebia um livro por mês. Tinha um interesse pela leitura.
A que você credita conseguir vender livros nesse cenário adverso brasileiro?
Deve ser bom. Me lembro que havia até uma concorrência entre a gente, pegava um livro da lista dos mais vendidos há 10 ou 15 anos, quem estava lá? Estávamos eu, o Ziraldo, o Conny, o Drumont, era entre a gente a corrida. Era legal essa briga, um passava na frente do outro. Hoje ninguém mais. Rubem Fonseca lança livro e não entra, eu lanço livro e não entro. É esse modismo. Se você entrar na internet nos 20 mais vendidos e agora nem lá estou.
Esse modismo é ditado por quem?
Principalmente pela editora.
O senhor escreve para o cinema, para o teatro, para a literatura. Qual a leitura que o senhor faz dessa escrita?
Cinema, por exemplo, já trabalhei em roteiro de cinema de textos meus e de livros de outros. São duas coisas diferentes. E são linguagens diferentes. A escrita não precisa chegar a cinema e teatro para ser diferente. A minha carreira é meio por década. Comecei pelo teatro na década de 70. Na década de 80 fiz cinema. Na década de 90 fiz crônicas e na década de 10 livros. Sendo que dos cinco anos para cá estou fazendo romances. Cada segmento desse que citei é uma coisa diferente, é sempre um aprendizado diferente. Ao contrário dos outros escritores que começam com livro e depois vão para cinema, fiz o processo inverso. Desde os 23 anos já fazia teatro. Meus três primeiros romances percebi que eram meio marginais e foi quando resolvi começar a escrever realmente literatura policial. De cinco anos para cá estou estudando isso, estou levando (livros) policiais, lendo como trabalho, a 4 horas por dia me dedico a leitura de livros policiais. Estou com 80 livros para ler e a grande maioria de autores que eu não conhecia. É interessantíssimo notar o crescimento da literatura policial no mundo. Literatura policial deu a volta por cima e é a grande literatura hoje.
3 comentários:
O mais importante é formar leitores.
que marmota é essa que esse kra falou, heim ? ? ?
eu num sabia q ele era dono da literatura . . .
Vc's sabiam ? ? ?
Meus irmãos não creio que ele tenha exagerado... Acredito que temos que compreender que focarmos em um único tipo de leitura pode de certa forma ser muito pequeno. Temos que estimular a nossa sociedade a criar o gosto por diversos estilos literarios. Não se deter a poucos autores ou estilos. Por outro lado devemos ser missionarios. Os livros são uma forma importante de comunicação e evangelização. Mais também é importante que nossos pastores saiam as e visitem os fieis de suas paroquias e se façam iguais a eles... sejam fermento no meio deles.
Postar um comentário