Só faltava ele! Pois ao abrir a capa (alguns preferem chamar de home page) do portal Estadão.com, a 72 horas das eleições presidenciais, tomo um susto ao ler a manchete: “Papa condena aborto e pede a bispos que orientem politicamente fíéis”.
Diz a nota que “em reunião em Roma na manhã desta quinta-feira, 28, o papa Bento XVI conclamou um grupo de bispos brasileiros a orientar politicamente fiéis católicos. Sem citar especificamente as eleições de domingo, o Papa reforçou a posição da Igreja a respeito do aborto e recomendou a defesa de símbolos religiosos em ambientes públicos”.
Além de condenar o aborto, como se alguém pudesse ser a favor do aborto, embora muitos defendam a sua descriminilização, o papa também cobrou o ensino religoso nas escolas públicas e defendeu a luta pela manutenção dos símbolos religosos, citando o monumento do Cristo Redentor no Rio, como se eles estivessem ameaçados.
O Brasil é um Estado laico e mantem relações diplomáticas com o Estado do Vaticano. Com que direito Sua Santidade vem meter o bedelho em questões internas de um país às vésperas das eleições presidenciais? Já não basta o papel impróprio e deprimente exercido por alguns dos seus bispos que, com esta falsa questão do aborto, transformaram seus altares em palanques contra uma candidatura e a favor de outra, distribuindo panfletos políticos em lugar de homilias?
Em artigo publicado terça-feira no Observatório da Imprensa, o analista de mídia Cristiano Aguiar Lopes prova com números de uma pesquisa que “houve um esforço coordenado e eficiente dos principais jornais e revistas do país para insuflar a polêmica sobre o tema com vistas a um fim eleitoral mais que óbvio: roubar votos de Dilma entre eleitores conservadores contrários à descriminalização do aborto”.
Os números são impressionantes: a três dias do primeiro turno, no dia 30 de setembro, as principais publicações do país pesquisadas registraram 149 menções sobre o aborto, chegando a 430 no dia 8 de outubro, na primeira semana do segundo turno que foi dominada pelo tema.
“A primeira escalada ocorre pouco antes do primeiro turno e tem como objetivo conquistar os votos de indecisos e de dilmistas não muito convictos. A segunda, bem mais intensa, busca transferir para Serra os votos de um grande contingente de eleitores conservadores _ sobretudo católicos e evangélicos _ contrários à descriminalização do aborto”, conclui Cristiabno Aguiar Liopes.
A pesquisa prova também que não houve “onda verde” nenhuma que tenha provocado o segundo turno. Foi, na verdade, uma “onda religiosa” nas igrejas e nos subterrâneos da internet que beneficiaram a candidata evangélica Marina Silva e levaram a eleição ao segundo turno, usando a ameaça do aborto como instrumento eleitoral.
O Papa foi inconveniente, chegou atrasado na história e entrou de gaiato numa falsa polêmica que até a mídia já tinha esquecido. Deveria se preocupar mais com os casos de pedofilia envolvendo religosos que grassaram nos últimos anos em sua igreja, com a perda de fiéis para as seitas evangélicas e o esvaziamento dos seus templos. Não precisamos dos seus conselhos para saber como deveremos votar no domingo.
4 comentários:
Olha, eu nem lí esta reportagem inteira. Pra ser mais exato, lí apenas o início. Más, já expresso aqui minha indignação:
Meu amigo, qualquer pessoa pode dar palpite nas eleições; até o própio presidente é a favor de um candidato e intima a votarem no candidato que ele quer... Quanto mais um, político religioso opinar sobre as eleições... Quanto mais o papa! Ser religioso, não é só ficar na igreja não: é também lutar por um mundo melhor em qualquer circunstancia!
Há, vai pra lá, homi!!! Quem és tú?
A Igreja (Católica) tem que fazer Política e não política, como diz Pe. Tiago.
Entenderam? Se o própio presidente que era pra ser neutro intima eleitores quanto mais os líderes religiosos, seja de qual for a igreja e/ou religião. Meu amigo:
há deixa pra lá nem vou ler mais esta reportagem!!!!!
Flávio vc foi feliz ao relatar esta postagem, cabe ressaltar que o papa não está se metendo em política brasileira não, apenas aconselha como um bom pastor os bispos: no documentário acima está explicito que o papa não cita eleições no brasil, apenas se posiciona como um bom cristão contra o aborto: "Quando projetos políticos contemplam ABERTA ou vELADAMENTE a descriminalização do ABORTO, os pastores devem lembrar os cidadãos o direito de usar o próprio voto para a promoção do bem comum", disse. Não o vi agredindo nenhum político e nem muito menos se metendo nas eleições brasileira. Existe muitas pessoas sábias nesse país, mas que só usam a sabedoria para confundir as cabeças de muitas pessoas.
Olá a todos!
Repito, a questão do aborto é uma séria demanda, todavia não é a única e, na minha opinião, não é preponderante, infelizmente.
Ambos os candidatos tiveram experiência de vida que levam a "abertamente ou veladamente" serem a favor do aborto.
Então, irmãos, cuidado para nós não sermos enganados mais uma vez nesta eleição com propagandas aproveitadoras e irrealistas.
Um abraço fraterno a todos.
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