segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O futuro do Brasil, de brasileiros e brasileiras

Não há como, nesta altura do campeonato, a poucos dias da eleição, deixar de falar do momento político por que passa o Brasil e do que espera brasileiras e brasileiros.
 

A democracia parece consolidada no Brasil. Pela primeira vez, como gosta de dizer o presidente Lula, respira-se o ar da liberdade de expressão, da livre organização, seja dos movimentos sociais, seja partidária por mais de vinte e cinco anos ininterruptos. Eleições acontecem regularmente. Porque é sempre bom lembrar que apenas seis presidentes brasileiros foram eleitos diretamente e apenas quatro terminaram seu mandato nos últimos oitenta anos.

É, sem dúvida, uma democracia ainda muito imperfeita, mas já não estão no horizonte golpes de Estado prenunciando ditaduras, censura, perseguição, morte ou tortura, ainda tão próximos para os de um pouco mais idade como eu.
 
A própria eleição deste ano está sendo uma amostra de como ainda é preciso avançar muito. Pouco se viu de debates programáticos, pouco se ouvir falar do futuro. A preocupação maior era a denúncia e a deconstrução do adversário. Afinal, o que cada candidato quer mudar? O que quer continuar? Os desafios para o próximo período são muitos. Estamos num mundo em crise econômica, que, segundo os especialistas, ainda vai durar anos nos países centrais. Há um desastre ambiental à porta. A juventude, que perdeu a esperança nos tempos neoliberais, ainda navega à busca de valores. Os ricos continuam muito ricos, os pobres continuam pobres. As cidades estão inchadas e em alguns momentos irrespiráveis.
 

Não há dúvida também que  há avanços consideráveis. Os trabalhadores têm mais acesso ao trabalho e ao emprego, melhoram a renda. Os mais pobres são considerados.  Há políticas públicas em construção. Desenha-se uma Nação soberana.

O programa sócio-desenvolvimentista ora em vigor e execução no Brasil não responde, porém, a muitas urgências. Historicamente é mais avançado que o nacional-desenvolvimentismo, mas está longe de ser um programa democrático-popular que proponha reformas como a agrária, a tributária e a do Estado, por exemplo, que enfrente radicalmente a concentração de renda, que pense uma economia solidária.
 

Mudanças e transformações mais profundas são necessárias. Como sempre, elas não virão de cima. Ou acontecem a partir da base popular, daqueles que não têm medo de ousar, dos que sonham e dispõem-se abertos à utopia, dos que são generosos e não pensam apenas em si próprios, ou tardarão ou mesmo jamais se tornarão realidade.

A eleição não resolve todos os problemas, embora possa ajudar na consolidação da democracia, o que não deixa de ser importante no caso brasileiro, e possa ajudar na escolha de governantes mais sintonizados com a justiça social, com a solidariedade, os desejos e necessidades do povo trabalhador.

É preciso consolidar, sobretudo, a esperança. Há elementos para tanto, que vão muito além do processo eleitoral. É o que mais se pode desejar neste momento, quando talvez se eleja uma mulher presidenta do Brasil, o que não é pouca coisa num país onde as mulheres tiveram direito ao voto há menos de oitenta anos.
Existe futuro.


 Selvino Heck
Assessor Especial do Presidente da República do Brasil. Da Coordenação Nacional do Movimento Fé e Política

3 comentários:

Unknown disse...

É, haverá segundo turno nas eleições do nosso país. Infelizmente a minha candidata não participará dele, mas foi uma escolha do nosso povo. O que me deixa triste é que tenho certeza que as coisas não vão andar como a maioria da população imagina. E talvez também não andassem se Marina tivesse sido eleita. sinceramente, não sei qual deles é o pior. só sei que cumpri a minha obrigação: votei com um cidadão brasileiro que sou. Agora é só esperar pra ver quem será o novo presidente a governas esse nosso país tão bom e tão sacaneado pelos poderosos.

Luiz Teixeira disse...

Felizmente haverá o segundo turno ! Momento propício para avaliarmos melhor os candidatos e ouvir propostas sobre temas importantes: Aborto, educação, política econômica (juros, dólar etc), saúde etc.

Votei pela continuidade (DILMA ROUSSEF). Descordo um pouco do meu grande amigo João do Amor, pois, a despeito dos sérios problemas deste pais, acho que o governo atual avançou em muita coisa e, portanto, acho temerário mudar de rumo, principalmente, quando significa por no poder quem já esteve por lá e provou que nada de significativo fez.

Acho Marina Silva uma grande brasileira e não esqueçam que a pouco tempo ela era uma boa ministra do atual governo. Apesar dos pesares, o Partido dos Trabalhadores ainda tem os melhores quadros.

Vamos avaliar os candidatos e não nos deixemos levar pelo terrorismo dos boatos e difamações que pouco ajudam no processo democrático.

Que Deus nos abençõe!

Nednaldo disse...

Olá! Meus amigos fico surpresso como nosso povo brasileiro acredita de certa forma em mudança. No dia das eleições aqui na Europa tivemos nos diversos paises os brasileiros em massa participando desse processo de democracia viva. Somente devemos ser mais cautelosos nas nossas escolhas. Um grande abraço a todos!