O cronista é um peixe num aquário. Ele tem que ser bonito, brilhante, fosforecente; fazer estripulias dentro dágua. Mas vive dentro de uma redoma, de um aquário, num universo fechado e limitado por água renovado por terceiros, com bomba até para renovar a taxa de oxigênio da água. Alimentado pelo dono que joga uns biscoitinhos para ele comer, bota brinquedos dentro do aquário (bota um anãozinho da branca de neve, um dragão...). E o peixinho então fica rebolando e é bom de ver. É uma coisa decorativa. Isto é um cronista. Já o escritor, romancista ou poeta é peixe de fundo dágua; peixe de lá onde o sol não chega. Ele não tem as paredes de vidro e nem a iluminação do aquário; ele mesmo tem que criar sua própria luz, buscar seu próprio alimento.
(Calos Heitor Cony - escritor e jornalista)
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