quinta-feira, 7 de abril de 2011

Em meio ao luto

Nas primeiras horas de hoje, fui praticamente acordado com as notícias do massacre de Realengo, o nosso "Columbine". Se falavam de mortos, mas apenas com o passar das horas, se confirmara o desastre: O assassinato de crianças, pequenos "brasileirinhos" que estavam em sua escola a estudar, brincar... Meu Deus, que desastre.

Mesmo sem ser pai, tentei imaginar o calvário, o sofrimento das mães, dos papais e avós destas crianças. "Estes pequeninos de Deus" que inocentemente tiveram a sua vida abreviada e partiram a deixar para trás este mundo de contradições e mistérios.

Ouço no rádio que um parente do assassino quase foi linchado pela população. Leio notícias que relatam o absurdo da falta de segurança neste país. Outros dizem que nossas escolas são inseguras; não há polícia, não há rondas; não há vigilância.

Sim, o assassino suicida é o monstro, o vagabundo, o miserável, o diábolico..., mas se ele realmente for um louco?  Não falo de loucura, atitude que não é privativo dos loucos, refiro-me se ele não tratava-se de um doente mental; um alienado; um enfermo da cabeça que, num ato de fúria, num surto psicótico, tivesse sua vontade viciada. A fatalidade então se assemelharia ao desastre do Japão, no que diz respeito a sua imprevisibilidade. Neste caso, não há como encontrar culpados ou culpado.

É bem verdade que precisamos de segurança para os nossos filhos estudantes. É bem verdade que a polícia deve coibir a violência e a venda de drogas em nossas escolas. É bem verdade que nossos colégios devem controlar melhor o acesso de pessoas em suas dependências. Mas, definitivamente, contra atos de loucura como a ocorrida, não sei bem ao certo se há o que fazer; se o Estado  por mais diligencioso que seja, possa evitar castástrofes como a tragédia do Rio.

Mas não me contento... Depois de tão grave acontecimento, não ter um culpado, um bode expiatório, um Judas a ser malhado..., não pode ser. Culpar o louco? É devaneio. Contra algo tão inusitado: Um psicopata, um débio mental armado até os dentes, com colete a prova de balas que até carta de recomendações ao seu velório ele se preocupou, só há um culpado:  A ARMA !

É um absurdo um doido ter acesso a armas. É um absurdo que neste país se possa comprar uma arma em qualquer esquina. É um absurdo a facilidade do contrabando de armas no país, onde este tráfico só perde em lucratividade para o também nocivo tráfico de drogas. É um absurdo que exista hoje cerca de uma arma para cada 12 pessoas e a comercialização clandestina trabalha para que as outras onze pessoas desarmadas possuam armas. É um absurdo que em referendo popular o povo tenha optado pela comercialização de armas de fogo. É um absurdo que não se desarme a população: Bandido ou "pessoas de bem".

Enquanto isso... Pai nosso que estais nos céus...


Luiz Teixeira.


2 comentários:

Anônimo disse...

...santificado seja o vosso nome...
Partilho contigo a tristeza sentida meu irmão.

Deus abençõe!!!

Rosana

Antonio Carlos disse...

Injustificável! Evidente.

Todavia, somos (todos nós) as nossas experiências, as oportunidades (boas e más) da nossa vida. O que esse rapaz teve? Pelo que passou? Com quem compartilhava suas ideias?

Perguntas que devemos fazer também a nós mesmos... "para que não caiamos em tentação".

Um abraço fraterno,

Antonio Carlos.