segunda-feira, 31 de agosto de 2009

POLÊMICA II

Padre se diz cauteloso com Carismáticos

O
padre Tiago, pároco de diversas Paroquias da Arquidiocese de Natal, principalmente as da zona Norte, diz não ter nada contra os carismáticos e seus movimentos. Mas faz suas ressalvas. Segundo ele, na história da Igreja, principalmente nos últimos 50 anos, sempre tem surgido novidades que transformam muito rapidamente a opinião do público e que é preciso ter cuidado para não fugir do rumo da Igreja Católica.

Eu, Tiago, nunca fiz isso. A missa é para libertar do pecado. Eu não sou contra, sou cauteloso porque a carismática e suas novas formas de evangelizar precisam descobrir a fé de Cristo. A evangelização pode ser feita de várias formas, mas o conteúdo da nossa fé é inabalável?, disse o sacerdote.

A Renovação Carismática Católica (RCC) chegou ao Brasil no começo dos anos 70 e ganhou força em meados dos anos 90. O movimento busca dar uma nova abordagem à evangelização e renovar algumas práticas do misticismo católico, incentivando uma experiência pessoal com Deus através do Espírito Santo.

Alguns grupos, com seus exageros, assemelham-se em certos aspectos às Igrejas Pentecostais, como no uso do exorcismo, do dom da cura e da oração em línguas e podem estar produzindo uma outra igreja. "Dentro da Igreja existe uma carismática que corre o risco de abandonar a Igreja e criar uma outra paralela. Eu conheço grupos que eram da RCC e acabaram por criar outra Igreja. Dentro da fé não pode ter apenas o sentir, tem que ter o pensar e o agir. Orção sem ação não adianta", disse Thiesen.

Por ter uma orientação litúrgica mais tradicional, o Padre Tiago afirma que sua base é a Bíblia, a Palavra de Deus. "Como padre dou mais valor ao que diz a Palavra do que cair na mentalidade do modismo e esquecer o mais importante".

Carla França - Repórter
Tribuna do Norte Online

10 comentários:

Cláudia Sena disse...

Não acho que os carismáticos possam fundar mais uma igreja por causa das diferenças, mas concordo com nosso Pároco quando fala que "oração sem ação não adianta". o oba oba, o "Deus provê Deus proverá" podem fazer com que os nossos jovens esqueçam que temos crianças morrendo de fome e violência, que pessoas continuam analfabetas e não letradas, que idosos estão jogados em abrigos....
somos nós, igreja, que após a missa devemos visitar o próximo que está excluído, fazer uma faxina na igreja para receber os irmãos, estudar a palavra de Deus e agir como ele.
fiquem com deus!

Italo Amorim disse...

Assunto delicado...
Não acho que uma nova igreja seja criada, nem muito menos que a carismática seja sinônimo de "ôba ôba" ou "falta de ação".

Muito pelo contrário. Acredito que pode ser uma forma bem bacana de atrair pessoas para a igreja, para práticas decentes e boas ações. Os exageiros vão aparecer e isso é uma "carma" que a igreja católica carrega a centenas de anos... Quem vai negar que baseada na "fé em Cristo" a igreja perseguiu milhares de pessoas? Tudo bem que as vivências de mundo eram outras, mas os ensinamentos bíblicos eram os mesmos. Vale salientar ainda que nessa época as práticas da carismática nem eram difundidas...Mas isso é assunto para uma próxima discussão.

Não posso criticar os que tiveram uma formação litúrgica mais tradicional. Mas nós, que vivemos num novo século, não devemos ser tão "pre"conceituosos com práticas que muitas vezes nem nos permitimos conhecer mais profundamente. Ficamos no superficial e já damos nosso "parecer".

E se o que falta as carismáticos é ação, que tal os "tradicionais" mostrarem "ação" no que diz respeito a união da igreja, ao invés de criticarem por criticar?

Pq uma coisa é muito clara: quanto mais segregarmos os segmentos da igreja, que na minha opinião devem caminhar juntos, mais contribuiremos para o surgimento de uma linha paralela e independente de professar a Fé em Cristo.

Abss

Italo Amorim =D

Programa criança Petrobras disse...

Não me recordo bem mas, há menos de um mes estavamos conversando a respeito da carismatica e falei qão importante fora eu ter participado por muito tempo de louvores, aniversários de grupos, ágapes,retiros diversos... Foi nesses encontros que descobri que eu poderia fazer muito mais como cristã e como irmã do meu próximo.
Meu irmão, Italo, concordo com vc quando fala das pessoas "preconceituosas que não conhecem e já criticam", devemos sim, conhecer mais a fundo e respaudado pela palavra, argumentar plausivamente contra ou a favor. O que não é o caso de muitos de nós do GLM que já temos uma boa caminhada e muito menos ao nosso querido paroco que jamais falaria algo sem conhecer.
Então, se é para conhecer melhor, vamos colocar em prática o curso Bílico que há tempos queremos montar para discutirmos mais a fundo a pedagogia de Jesus?
Fiquem com Deus

Nednaldo disse...

Essa questão requer que tenhamos uma visão mais ampla de toda o histórico da RCC. De qualquer forma acredito que acima desse desejo de encontrar forma de se apegar na fé devemos lembrar a vocação que devemos assumir: "servir ao próximo se entregando plenamente a caridade aos mais necessitados e excluidos de nossa comunidade". O que move o povo de Deus é o desejo de mudança. E essa deve ser feita para melhoria do mundo e não a nossa de forma egoista.

Luiz Teixeira disse...

É verdade que já fomos (GLM) carismáticos, como se entitula queM "vive os dons do espírito". Demos graças a Deus e a este movimento que nos motivou a formar o GLM e nos encaminhou em nossa vida pastoral.

Mas graças a Deus tínhamos também o Diácono João Manoel com o carisma dos Focolares e a visão progressista do nosso Pe.Thiago para fazer o contraponto que contribuiu em nossa formação cristã.

Com o respeito das opiniões em contrário, o que se critica de qualquer movimento são os excessos. E MISSA DA CURA, definitivamente, a enquadro como tal. O que Claudia Limeira falou é poesia, verdade de quem vive a espiritualidade da Eucaristia e da Palavra no mistério da simplicidade, sem ter que fazer promessas de cura ou inventar um rito espalhafatoso, típico da sociedade das "celebridades" e do consumismo.

O que me assusta na nossa Igreja católica dos excessos é o que vemos na televisão diariamente. A igreja dos números, da luta por fiéis como se disputa audiência. É a vivência do Evangelho sem se falar das exigências. A Igreja privatizada, resolve todos os problemas individuais, sem falar da cruz que significa mudar o mundo e não apenas o nosso mundinho. Os padres celebridades que são ótimos de verbalizarem, mas longe do exemplo de Dom Helder, Frei Tito, Dom Pedro Casaldáliga, Dom Evaristo Arns, Pe. Thiago, Pe. Sabino, Pe. Henrique, Irmã Dorothy Stang... e todos os outros que vivem e viveram o verdadeiro sacerdócio ao lado do povo e não nos auditórios de programas de televisão, em suas luxuosas coberturas ou em cima de trios elétricos.

O que me assusta é que estes personagens, que tenho certeza, escandaliza muitos carismáticos, são tidos como o caminho de salvação da Igreja. São sinônimos de modernidade, de uma nova maneira de viver Igreja. Uma maneira "relax" de viver a doutrina cristã. "Olha como as missas estão cheias de gente!" Falar em união? Só porque se abraçam nos louvores insuflados pelos animadores? Pelo contrário, entendo que esta maneira de viver a fé é alienante, não olha o próximo, não se compromete com os desafios do nosso tempo, não se questiona do porquê que criamos esta sociedade que exclui, gera violência, desamor, preconceitos, fome, famílias desagregadas tudo que Deus não quer. Isso sim! Gera desunião na Igreja e no Mundo.

Não há dúvida que a carismática de origem norte americana, surgida na década de sessenta, foi uma contra ofensiva ao pentecostalismo que ganhava e ganha espaço entre as pessoas e católicos. Entristece-me que tenhamos que ser tão parecidos com eles para fazer "sucesso". Também entendo que o movimento tem o seu valor, amadureceu muito e a maioria de seus integrantes são exemplos de cristãos orantes (orar+ação).

Mas como cristão não carismático que sou, confesso, sou muito discriminado na Igreja de hoje. Por exemplo, falar que gosto de Pe. Zezinho causa ojeriza em alguns. Ser contra a onda da mídia católica é ser "tradicional". Na Quaresma, coitado dos "tradicionalistas" nunca viu sequer um programa, de uma horinha apenas, na TV CATÓLICA DAS CELEBRIDADES falarem da Campanha da Fraternidade. Grito dos excluídos! Escola da Fé! Um documentário sobre Dom Helder! Nunca na TV CATÓLICA "MODERNA". No entanto, show ´s que vendem discos, criam celebridades é a maneira moderna de viver a fé cristã? Tudo bem...

Sou contra todos estes excessos, de carismáticos ou não, em nome de uma fé cristã sem exigências. De uma fé que atrai pessoas para os templos, mas ninguém se engaja na vida comunitaria. De uma fé que beira a superstição, olhando apenas para o umbigo sem olhar para o lado onde o Jesus, na pessoa do irmão necessitado, nos estende a mão.

Padre Thiago diz que a Igreja é um arco-íris e as cores simbolizam a diversidade de movimentos da Igreja que convergem a Deus. Os "tradicionais" se aproxima da cor mais escura do arco-íris. "Não me amarro a dinheiro não! A pele escura, Dinheiro não!"

P.S - desculpem o excesso, mas este assunto é motivador.

Júnior disse...

Eu acho que o problema é, e sempre será, a capacidade de perceber o excesso. Quem não tem experiência e conhecimento dificilmente perceberá que estará errado. Seja se tratando da pastoral ou da carismática.

Eu também acho que pode sim, um grupo dentro da igreja aparta-se e fundar outro movimento. Na verdade o próprio Pe. Tiago diz conhecer um.

E para meus irmãos que gostam de pesquisar, ler, se aprofundar... deixo-vos um endereço que gosto muito:
http://www.montfort.org.br/

Um abraço a todos.

Antonio disse...

Somos mais barrocos que nunca... Vivemos a mesma tensão de equilibrar o que consideramos certo ou errado, id ou superego, luz ou trevas, razão ou emoção, espírito ou carne, vida ou morte, Deus ou egoímo, ...

A busca do centro dessas tensões, que seria ideal, é praticamente inalcansável.

O que fazer? Ser tradicional? Progressista?

O que aprendi, pelo menos até o momento, é que o radicalismo de um ou outro lado é prejudicial.

Isso acontece em vários ramos de nossa sociedade – que aqui seria pouco espaço para comentar.

O que ACHO é que precisamos é equilibrar a AÇÃO e a ORAÇÃO, uma alimenta a outra; e, nesse movimento, vamos em frente. O trabalho é essencial; mas ele não se recarrega pori si só. Tal fato acontece tanto no mundo fora da igreja, como dentro.

A oração reflexiva, na qual o indivíduo se entrega de corpo e alma, renova e prepara.

Acredito, e somos provas vivas disso, que o início pode ser paixão (não “oba, oba”), para depois se transformar em amor. Os arrepios, as situações de grandes alegrias, de mistério, que senti no momento de paixão, hoje se transformaram em amor incondicional – sobrevivo muito bem sem elas. As orações hoje, sim, me completam, me fazem pensar, tentar ser melhor e, assim, fazer também um mundo melhor. Elas me ajudam no trabalho na igreja, mesmo com minha família a cuidar e dos expedientes que dou.

Minha preocupação é o radicalismo (o que muitos chamam de excesso), seja carismático ou não.

Precisamos de equilíbrio e tentar fazer sempre muito bem a nossa parte. O exemplo é fonte de evangelização. Nós pregamos, cantamos, atuamos, visitamos, fazemos obras sociais... E quem vive e/ou vê e acredita, segue em frente.

Penso que temos de ter cuidado; como padre Thiago disse: sermos cautelosos... nem mais, nem menos...

Um abraço fraterno,

Antonio.

Antonio disse...

Ah, ia me esquecendo...
Nenhum movimento é positivo se não transforma...

Megashows, missas de cura, caminhadas, promessas, ...
Nda vale se não transformar... Podemos até começar por um momento desses, mas jamais basear nossa fé somente neles.

Antonio

Júnior disse...

Pô Antônio... era por ai que eu queria me expressar mas não conseguia. Gostei muito de como você fez a exposição... equilibrar a "ORAÇÃO com a AÇÃO"... pois ficou claro para mim...

ORAÇÃO (em excesso) = radicalismo carismático.

AÇÃO (em excesso) = radicalismo pastoral.

Realmente o equilíbrio é o ponto ótimo.

Fiquem com Deus.

Luiz Teixeira disse...

Concordo com Antônio Carlos e Júnior ! Se vê num homem de Deus a harmonia do agir com a capacidade de buscar na fonte da oração a espiritualidade.

No entanto, o relativismo de TUDO me incômodo, não é ético e moral chamar o povo para um vida espiritual através de SHOW´S MISSA, MISSA DE CURA, CULTO DA PROSPERIDADE ETC. No cerne isto não é correto.

Agora, duvido muito que alguém que trabalhe, doe a vida ao próximo, a construção de um mundo novo, se não for movido pelo Espírito Santo. AGIR em prol do reino é ser alguem orante, mas o contrário não é verdade, que o digam os Fariseus tão combatidos por Jesus. Também o Cristo afirmou: "Nem todos os que dizem Senhor!Senhor! Entrarão no reino dos céus!"

É através das práticas que se percebe quem é alguém de oração, de espiritualidade. Já falamos isso num grupão !!