terça-feira, 26 de agosto de 2008

Sei... (mas não devia)

Gostaria de não...

Sentir apertos no coração... Mas tenho olhos; e estes fazem aquele sentir.

Sentir dor e compaixão daqueles que perderam alguém tão querido por motivos tão estúpidos.

Sentir tristeza e pena daqueles que querem comer por fome (muita fome) e precisam chupar o dedo para se alimentar da saliva.

Sentir revolta e até ira por aqueles que querem comer por fome (muita fome) e precisam chupar o dedo para se alimentar da saliva.

Sentir revolta e até ira por aqueles que podem mudar essa situação; e que, todavia, insistem em só preservar o seu (- coitados... serão as próximas vítimas!).

Sentir melancolia e desengano de olhar para os pés e eles estarem sob os grilhões; joelhos, atados; mãos, algemadas; boca, amordaçada... Tudo isso pela falta de tempo, de dinheiro... ou melhor: pela covardia de não fazer nada (!!!)

Sentir, sentir, sentir, sentir...

EXPLODE CORAÇÃO DE ANGÚSTIA !!!

Mas tem de ser agora... pois, daqui a pouco, estarás novamente embriagado pelas forças do cotidiano... E na tua ebriedade, voltarás à tua complacência indigna.


Antônio Carlos Galvão Júnior
(31/03/03 - madrugada)

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito legal o texto. Não conhecia esse lado poeta.

Parabéns!