Uma vez na Vida e outra na Morte
09 Sep 2008 Dom Aloísio Roque Oppermann (178 leituras) |
Não só de crimes, de corrupção, e de abusos sexuais que vive a humanidade. De vez em quando surge um fato, totalmente inesperado, que nos arranca do tédio, ou da indignação. Somos elevados para ares mais puros. Enfim, um alívio dentro da planície, onde poucos se destacam pela sua estatura moral. Talvez, tenhamos uma inata tendência a um ponto cego, na avaliação dos comportamentos positivos. Por isso o bem não é notícia. Uma família normal, na qual os momentos de felicidade são mais numerosos que os momentos de tenção e de eclipse afetivo, jamais terá a mínima chance de merecer um destaque no noticiário. A felicidade, o ambiente de mútua estima, se consideram monótonos e sem interesse. Já Miquéias comentava essa tendência: “Aborreceis o bem, e amais o mal” (Mq 3,2). Os noticiários televisivos, em 90% dos seus conteúdos, apenas comunicam desastres e retrocessos. Experimente alguém divulgar notícias boas. O programa será fadado a sucumbir. Tive uma surpresa que degustei com prazer. Ela elevou meu otimismo. Mais do que nunca acreditei na humanidade. O sr. Antonio, já penetrado em anos, pediu-me uma audiência. Pelo seu aspecto levantou-me a suspeita de que viera pedir ajuda financeira. Narrou-me que há mais de 30 anos teve necessidade de consultar um médico. Ao se encontrar com o profissional da saúde, perguntou-lhe se ele poderia esperar algum tempo, para pagar o valor da consulta. Este aceitou, mostrando que confiava em sua palavra. Pois bem. O médico conseguiu prestar-lhe bom diagnóstico, chegando a recuperar plenamente a saúde. Quando finalmente quis entregar o valor ao doutor, recebeu a notícia de que já havia falecido. Nosso amigo Antonio ficou embaraçado, sem saber como resolver o inesperado. Finalmente, estando em situação financeira razoável, veio expor seu caso. Raciocinou que hoje em dia a taxa de uma consulta está em R $ 150,00. Perguntou meu parecer sobre que instituição filantrópica mereceria a sua pequena doação. Indiquei-lhe a “Toca de Assis”, de Uberaba, onde um grupo de Religiosos trabalha no atendimento de homens de rua. Tais Religiosos trabalham sem nenhuma garantia financeira. Certamente o modesto valor serviu para fortalecer a esperança desses abnegados homens. Não é todo dia que encontramos um homem tão justo como o Antonio. |
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