terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

ESQUEÇA O ROMANTISMO II

Segunda parte da entrevista do psicólogo Flávio Gikovate. Continuando...


Qual a importância do sexo para uma relação duradoura?

Digo sempre que o sexo não tem importância alguma desde que vá bem. Acho que, nas últimas décadas, sua importância tem sido superestimada, talvez em decorrência dessa fase libertária que temos vivido. Penso que as novas gerações já têm uma postura em relação ao sexo bem mais calma e adequada.

No livro, o senhor afirma que as dificuldades sexuais femininas surgem quando a mulher se cansa da entrega sem retribuição. Por quê?

A mulher mais generosa é a que têm uma disponibilidade sexual maior, a que mais facilmente se entrega nas relações sexuais. As mais egoístas são as que usam o eventual poder sensual com o intuito de dominar o parceiro. Assim, com frequência se negam sexualmente com o objetivo de humilhá-lo e enfraquecer sua autoestima. Porém, em algum momento posterior esta mulher generosa acaba perdendo a esperança de que o parceiro, usualmente mais egoísta, venha a se modificar. É nesse ponto que sua disponibilidade desaparece e corresponde ao início do fim do relacionamento.

Como saber se é hora de sair de uma relação?

Muitas pessoas continuam no relacionamento depois de terem perdido o encantamento e mesmo a esperança de entendimento. Continuam por força de razões práticas, e acredito que isso também é válido (afinal o casamento é, antes de mais nada, uma sociedade civil). Muitos só saem quando encontram um novo parceiro sentimental cujo convívio compense as perdas inevitáveis na ruptura da aliança conjugal. Em outras palavras, sair de um namoro não depende apenas do fim do encantamento e das esperanças, implica também ponderações de ordem prática de todo o tipo.

É possível prever se um casal vai durar ou não?

Acho que o que mais determina a longevidade de um relacionamento é a afinidade, tanto de caráter, como de gostos, interesses e projetos de vida. O diálogo franco e a busca de entendimento que se renova diante de de cada obstáculo são essenciais para que os projetos de vida continuem a ser parecidos. Trata-se de um empenho permanente no sentido de preservar tudo que se tem em comum e não deixar que o novo seja um fator desagregador. Além disso, é claro que casais que se tratam com mais carinho e que cultivam a delicadeza têm mais chance de continuarem a vivenciar as delícias de um bom relacionamento por décadas. Ao contrário, relacionamentos entre pessoas muito diferentes, tanto de caráter como de gostos e interesses, são cada vez mais difíceis de resistir aos problemas que só crescem ao longo dos anos de convívio.

Flávio Gikovate (1947)

Médico psiquiatra, psicoterapeuta e escritor brasileiro. Formado pela USP em 1966, desde 1967 trabalha como psicoterapeuta, dedicando-se principalmente às técnicas breves de psicoterapia. Em 1970 foi assistente clínico no Institute of Psychiatry da Universidade de Londres.

Nos últimos trinta anos, escreveu 25 livros sobre problemas relacionados com a vida afetiva e sexual, alguns dos quais também publicados em língua espanhola.

Flávio Gikovate pode ser ouvido tirando dúvidas diversas no campo da afetividade no programa DIVA DO GIKOVATE na CBN. Clique aqui


2 comentários:

Anônimo disse...

Interessante a parte"Acho que o que mais determina a longevidade de um relacionamento é a afinidade, tanto de caráter, como de gostos, interesses e projetos de vida." A parceria é fundamental, quanto mais afinidade, mais o casal pode se realizar junto.

Anônimo disse...

Cont... pelo menos é o que acho.