quinta-feira, 20 de agosto de 2009

VIVER BEM!

Triturar ou partir remédio altera efeito
Alerta é do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo; drogas podem ter ação reduzida ou potencializada.

Farmacêuticos alertam para os maus hábitos relacionados à forma como os medicamentos são ingeridos. Partir, triturar ou ingerir os remédios com alguns alimentos pode potencializar ou reduzir seus efeitos.

"90% das pessoas que consultam o médico saem com receita médica. Mas a farmácia precisa estar vinculada aos serviços de saúde; do contrário, o paciente pega o remédio na gôndola e toma como quiser. Por isso existe um grande número de intoxicação e de inatividade do medicamento: é falta de orientação", diz Raquel Rizzi, presidente do CRF-SP (Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo).

Um dos principais erros é triturar comprimidos ou abrir o conteúdo de cápsulas para facilitar a deglutição. "É um problema e é sério. Uma cápsula pode ser desenvolvida para não se degradar no estômago. Se você retira o conteúdo da membrana, ele pode perder o efeito", afirma Chung Man Chin, do Departamento de Fármacos e Medicamentos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Araraquara. O omeprazol, diz Chin, é um dos remédios que têm o efeito reduzido com o esmagamento.

Absorção acelerada

Outro problema desse procedimento é acelerar a absorção dos princípios ativos pelo organismo. Como cada comprimido é planejado para ter um tempo de atividade e assimilação no corpo, a quebra de um revestimento, por exemplo, pode desregular esses mecanismos.

"Se for um remédio com revestimento ou estrutura que permitem uma liberação prolongada, acaba-se com a função do medicamento, correndo o risco de ocorrer uma absorção intensa e sofrer intoxicação", alerta Maria Aparecida Nicoletti, farmacêutica responsável pela Farmácia Universitária da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP (Universidade de São Paulo).

O mais indicado, caso seja difícil ingerir o remédio inteiro, é procurar outras formas de apresentação, como gotas ou xaropes. "Existem fórmulas para crianças, em tamanhos ou formas mais adequadas, por exemplo. Não é preciso improvisar", afirma Rizzi.

Quebrar o comprimido ao meio também não é indicado. Alguns especialistas acreditam que os princípios ativos da droga não estejam distribuídos igualmente por todo o produto, ainda que sejam feitos testes de uniformidade durante a produção. O principal problema nesse caso é, novamente, a absorção incorreta do medicamento pelo organismo. Alguns analgésicos e antialérgicos, por exemplo, têm um sistema de liberação modificada -se cortados, podem perder o efeito.

Bebidas

Ingerir remédios em gotas misturados a bebidas com sabor -como sucos e refrigerantes- para mascarar o gosto ruim também pode levar à redução do potencial terapêutico do remédio. O recomendado é diluí-los em água.Segundo o CRF-SP, os remédios são a principal causa de intoxicação nos centros de farmacovigilância em todo o país -um dos motivos são interações medicamentosas, que podem ocorrer com falta de orientação sobre o uso das drogas.

Fonte: Folha de S. Paulo
Edição: F.C.
07.08.2009

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