segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Identidade sacerdotal não nasce de desejos pessoais, diz cardeal


Dom Eugenio de Araujo Sales
Cardeal Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro

Uma crise de fé se manifesta de diversas maneiras. Uma delas insere-se na eclesiologia. Constantemente são veiculadas afirmações que, mesmo não erradas plenamente, são, no mínimo, dúbias. Uma arbitrária concepção da instituição fundada por Jesus Cristo leva a desvios e a consequências danosas à paz e à concórdia no interior da comunidade eclesial. A grande maioria permanece fiel, embora sofrendo as incursões de uma minoria.

Dada a importância do padre, para todos, é necessário da parte do Pastor, responsável diante de Deus pela ortodoxia, um comentário sobre o sacerdócio.

O Concílio Vaticano II traz, como proposição dogmática, a diferenciação essencial – “e não apenas em grau” – entre o sacerdócio comum dos fiéis e o ministerial ordenado (Lumen Gentium, nº10). Este último corresponde a uma vontade consignada pelo Fundador da Igreja, que adota uma estrutura na qual a autoridade de Deus é exercida sacramentalmente pela Ordem. O Concílio diz que “o sacerdote ministerial, pelo poder sagrado de que é investido, organiza e rege o povo de Deus” (Idem). Assim, uma função específica na comunidade eclesial e para ela.

Ora, é pelo menos dúbio declarar que não existe uma divisão de tarefas, determinada e precisa. E que os ministérios – sem excluir explicitamente o que é conferido pelo sacramento da Ordem – surgem segundo as necessidades dos leigos.

Salvaguardada a identidade divina do sacerdócio ministerial em seus graus: episcopado, presbiterato e diaconato, o Concílio reclama também a participação própria do laicato católico. Juntos, formamos todos a Igreja, “Povo de Deus”, sem nos esquecer, no entanto, de que ele não é um mero agrupamento sociológico, existente pelas leis dos homens e por seus regimes políticos. Trata-se, antes de tudo, de uma realidade sobrenatural, gerada e sustentada pela graça.

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