sábado, 11 de dezembro de 2010

COMPARTILHANDO EXPERIÊNCIAS

J. ou J ?

Na casa dos capuchinhos de Turino, no refeitório, existe uma pintura na parede, representando a última Ceia do Senhor, e com um detalhe interessante. Leonardo da Vinci, gênio, grande pintor, trabalhava muitas vezes com modelos. Um dia, os religiosos encomendaram ao artista aquela obra da Primeira Eucaristia do Cenáculo. Leonardo se apresentou e começou a pintar o cenário: mesa baixinha, almofadas, ervas amargas para lembrar o sofrimento do povo no deserto, um cordeiro assado, o pão ázimo e sem fermento, umas taças de vinhos e as cortinas, além de alguns candeeiros daquela época.

O artista saiu para encontrar o modelo de Jesus. Ele encontrou um rapaz muito simpático na rua, o qual tinha aproximadamente trinta anos, e acertou com ele a quantia de cem pratas para posar durante dois ou três dias, segurando nas mãos o pão partido e, com os olhos para cima, agradecendo ao Pai Celeste. Dito e feito ! Saindo de novo, ele foi procurar "Pedro". Avistou um homem pescador que falava muito alto e que parecia ter um coração generoso. Ambos combinaram o preço, e o trabalho começou. Jesus e Pedro já estavam na parede. Do mesmo jeito Leonardo, o artista, conseguiu João, André, os dois Tiagos, Mateus, Bartolomeu, Simão, Felipe, Judas Tadeu e Tomé. Faltava apenas Judas, o traidor.

Uma crise abalou a região, e os capuchinhos cancelaram o trabalho. O famoso pintor ficou muito triste diante da obra quase terminada. A vida às vezes se torna tão dura! Ele se mandou longe de lá para sobreviver. Três ou quatro anos se passaram, e a situação melhorou bastante. Os religiosos chamaram de volta o mestre. Ele chegou e procurou logo o "Judas". Passaram-se dias, semana, meses, e nada. O pessoal do convento achou que Leonardo estava "fazendo cera", e deram o prazo de uma semana para descobrir o traidor. Percorrendo todos os lugares de fama pouco recomendável, Leonardo se desesperava. No último dia, perto de abandonar a pesquisa, do outro lado da rua do convento, ele avistou um indivíduo que personificava perfeitamento o infeliz da Paixão. Ele atravessou ligeiro e logo perguntou: "Você quer trabalhar para mim? A resposta veio direto: "Tudo bem, mas desta vez eu quero duzentas pratas!" O pintor ficou de boca aberta: O personagem que era Jesus transformou-se em poucos anos em Judas.

Somos capazes do melhor e do pior. Dentro de cada pessoa se escondem tanto as raízes do bem com as do mal (Rom 7,21)

Pe. Thiago Theisen

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